sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Caso Americanas II

 

Volto ao assunto da Americanas, por se tratar de uma empresa cujo faturamento é maior que muitos estados  da federação e também por se tratar de uma loja de departamento com filiais nas principais cidades brasileiras.  Ontem, a Americanas conseguiu na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro o acatamento do pedido de Recuperação Judicial.   A dívida total da Companhia é de R$ 44,3 bilhões, sendo R$ 19,5 bilhões junto ao sistema financeiro, segundo o pedido já deferido pelo Juiz da 4ª Vara Empresarial.   

         A Americanas comunicou ao mercado, nessa segunda-feira, que contratou a consultoria Rothschild & Co para atuar como interlocutora da Companhia para a renegociação da dívida, ao nível Brasil e internacional.   A Americanas afirmou em fato relevante à CVM - Comissão de Valores Mobiliários, por ser empresa de capital aberto, que "reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores".  No entanto, é um comunicado de praxe.  A solução não virá no curto prazo.  O prazo normal para "recuperação judicial" é de dois anos, prorrogável e deve ser aprovado pela Assembleia dos credores. 

          O processo de recuperação judicial é longo e doloroso, porque os credores terão que abrir mão de seus direitos líquidos e certos por um abatimento no montante das suas dívidas e ainda alongar o prazo de pagamento, conforme proposição feita pela Americanas ao Administrador Judicial, sob supervisão da contratada da companhia, a consultoria Rothschild & Co, que, por coincidência, é uma empresa americana, que nada tem a ver com a companhia Americanas.

        No caso de fechamento de algumas lojas, os funcionários, num total de 44 ml, terão prioridade no recebimento de seus créditos trabalhistas.  A segunda prioridade é o pagamento de tributos, municipal, estadual ou federal.   Os empréstimos concedidos à Americanas com garantia real, terão suas prioridades garantidas pelas próprias garantias.  Os credores quirografários, os que não fazem parte deste rol de credores, ficarão na última prioridade, isto, se ainda sobrar algum recurso para pagar.  Em tese, os donos já conhecidos, as maiores fortunas do País, não serão chamadas para assumir as dívidas da Americanas, onde não tem os avais pessoais.  Certamente, estes vão continuar morando próximos do Davos, Suíça.  

       Os investidores da Americanas (amer3), já sofreram perdas de R$ 12,00 do dia 11/1/2023 para R$ 1,75 de ontem, 19/1/2023.  Conforme o desdobramento, comparando com as grandes empresas que entraram em Recuperação Judicial, as ações deverão ficar abaixo de R$ 1, nos próximos dias.  

             Ossami Sakamori


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