Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
CONTRAPONTO AO DISCURSO DA DILMA EM PARIS
Discurso da presidente Dilma na sede do Movimento de Empresas da França (Medef) em Paris. Os textos itálicos foram extraídos do jornal O Estado de São Paulo. Os trechos não itálicos são meus comentários à respeito do tema tratado.
Ter um Brasil de classe média é um dos objetivos do governo, afirmou há pouco a presidente Dilma Rousseff, durante seminário empresarial realizado em Paris. Ela citou que o governo implementou na economia a mobilidade social, com aumento de emprego, transferência de renda e de maior crédito. Dilma disse que foram criados no País 17 milhões de emprego, que houve elevação de renda dos mais pobres e que 16 milhões de famílias saíram da condição de extrema pobreza.
Concordando com a primeira parte do trecho, mas, me põe em dúvida sobre as famílias que compõe a classe que compõe a condição de extrema pobreza. No governo Dilma, o atendimento da Bolsa Miséria, aumentou de 8,6 milhões de famílias para 11 milhões invés de diminuir, o que gera margem aos números apresentados.
"O Brasil pretende ser e se transformar em país de classe média", disse. "O Brasil pretende ter padrões de consumo de bens e serviços de classe média", completou, ao falar no seminário "Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica", na sede do Movimento de Empresas da França.
Os chavões utilizados pela Dilma, são exatamente aqueles utilizados pelo Obama na corrida presidencial dos EEUU, que contraditou aos argumentos dos republicanos. Coincidência? Será que a Dilma quer colocar, novamente, a oposição ao lado dos ricos? Como se Dilma não fosse a executora da Bolsa Empresário, financiados com juros altamente subsidiados, criado em 2009 pelo presidente Lula.
A presidente afirmou que o governo brasileiro está empenhado em resolver gargalos da infraestrutura de modo a criar condições para crescimento no curto, médio e longo prazos. "Nós queremos uma economia flexível, capaz de gerar inovação, ciência e tecnologia. Queremos economia desburocratizada", disse.
O governo da Dilma é uma continuação do governo Lula. O Brasil está sob administração dos petistas há 10 anos. O dito empenho em prover infraestrutura ao País não é verdadeira. No governo Dilma, o que se vê, é aumento progressivo de gargalos na logística de transporte de cargas. Que eu tenha conhecimento, somente após 10 anos de mandato petista, a Dilma anunciou investimentos em infraestrutura, no montante de R$ 130 bilhões para serem investidos num horizonte de 30 anos! Por enquanto, só vemos espuma.
A presidente afirmou ainda que o Brasil tem o grande desafio de desenvolver a competitividade na sua economia. "Temos preocupação em reduzir o custo de produção. Queremos competitividade", afirmou. "Por isso, é importante a redução do custo de capital. Tínhamos uma das taxas de juros mais elevadas. Se caminhamos para uma trajetória prudente no sentido de convergir essa taxa para patamares internacionais, nós não estamos tendo canibalização da nossa indústria", acrescentou.
Por este trecho, percebe-se que a presidente Dilma, é totalmente míope sobre a política econômica. Certamente a taxa de juros é um dos componentes do custo de produção, mas os problemas da competitividade não está na remuneração do capital. As grandes corporações, se quiserem fazem captação para seus projetos, via bolsa de valores. Colocar a taxa de juros Selic como fator de canibalização da nossa indústria é um tanto exagerado.
O que Dilma não admite é a apreciação demasiada do real perante o dólar. Isto sim, é o fator que impede a competitividade das nossas indústrias tanto no mercado interno como nas exportações. A Dilma deveria se espelhar, neste ponto, à China, que cresceu 10% ao ano nas duas últimas décadas. Só para lembrar, que o PIBinho da China é espantoso 7,5% ao ano, bem diferente do nosso que está próximo de 1,0%. Dilma optou em "dar sensação de euforia" ao povo, como os chineses faziam há séculos utilizando ópio para deixarem mais calminhos.
Segundo Dilma, investimento e infraestrutura são estratégicos para que o Brasil se torne economia que "possa dobrar renda per capita em horizonte de até 20 anos". "Nós também queremos construir um ambiente extremamente seguro e amigável para investimento privado", disse. "Temos de ter um imensa atenção, dedicação, com nossos portos", mencionou durante seu discurso.
Presidente Dilma que gosta de espuma, desta feita foi extremamente conservador nas suas metas. Dobrar renda per capita no horizonte de 20 anos é um desafio pífio, comparado com os demais países do BRICS. Dá grosso modo, crescer menos que 3% ao ano. Brasil com dimensão continental, com riquezas naturais, produtor de principais commodities do mundo, ao meu ver, deveria almejar crescimento compatível ao País emergente, sob pena de ficar cada vez mais distante dos outros como China, Índia e Rússia. Enquanto os outros estão explodindo em crescimento, nós nos conformamos em acompanhar, apenas, o crescimento da média mundial.
O Brasil desenhado pela presidente Dilma, mais parece um País velho e cansado do que um País emergente e pujante! Perdemos o brilho! Creio chegar o tempo de mudar. Voltar os nossos olhos para o futuro, ao invés de ficar preocupado em revirar o passado (ditadura militar) ou mesmo tentar achar os defeitos no passado recente (FHC), unicamente para cultuar a si próprio. Vamos pensar no Brasil. Vamos elaborar o Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para os próximos 10, 20 e 30 anos! Vamos construir o Brasil para esta e para as próximas gerações!
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. E-mail: sakamori10@gmail.com
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Um comentário:
Esse discurso do PT de que somos classe média e estamos crescendo e blá, blá, blá, é igual ao time de bairro em que o time está perdendo de 20 à 0, faltando 5 min para o final e vem o capitão dizendo: -vamos dar sangue pessoal, não ligue pro placar, ainda podemos ganhar!
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