Amazônia é nossa! Perito Judicial Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foi professor da Escola de Engenharia da UFPR. Macroeconomia e política.
sábado, 1 de dezembro de 2012
DÓLAR. NOVA BANDA CAMBIAL R$ 2,10 a R$ 2,20
Ontem, último dia do mês de novembro, o dólar rompeu os R$ 2,12 que era considerado como barreira psicológica. O Banco Central deixou flutuar, sem fazer intervenções. Isto para o mercado, já é uma sinalização de que a nova banda cambial informal do BC, pelo menos para o próximo período será de R$ 2,10 a R$ 2,20, conforme este blogueiro já tinha anunciado na matéria anterior sobre o dólar.
Imagino que o BC tenha tomado esta decisão, em conjunto com a Fazenda, porque a inflação está comportado, no momento, estando dentro da faixa de variação prevista de 2,5% a 6,5%, cujo centro da meta é de 4,5%. A oportunidade é única para corrigir parte da defasagem do câmbio apontado pelos diversos institutos de pesquisas econômicas. No cálculo deste blogueiro, considerado inflação medido pelo IPCA, desde a criação do real até hoje, descontado a inflação americana (dólar é americano), no fim de dezembro, deveria estar em R$ 2,50, sem considerar demais fatores que influem na valoração das moedas.
A nova banda cambial deve influenciar positivamente no setor exportador, como de commodities, sobretudo. Os produtos importados sofrerão impactos nos preços ao consumidor. Os produtos industrializados brasileiros, sofrerão também impactos porque, hoje, o miolo dos componentes são basicamente importados. O setor de energia, sofrerão consequências, por conta de que a maioria das companhias tem dívidas em dólares. As empresas que tomaram empréstimos em dólares que trocou pelo real no mês de janeiro deste ano amargam prejuízo enorme, porque vai ter sua dívida, em real, aumentado em cerca de 30% até o final do ano.
O caso da Petrobras merece um capítulo especial. A Companhia mantém o preço dos combustíveis na bomba, engessado desde o início do ano, corrigido no mês de junho na refinaria em cerca de 10%. A Graça Foster, presidente da Petrobras pede aumento de 15% há meses, para cobrir parte da defasagem. Para a desgraça da Petrobras, a Companhia tem alto nível de endividamento em dólares, o que faz diminuir o seu patrimônio líquido. Além disso, a Petrobras está importando os combustíveis prontos (refinados) para o consumo interno, pagando em dólares, o que agrava ainda mais a situação. Diante da nova conjuntura, o aumento planejado para o mês de janeiro, de combustíveis em torno de 15% será insuficiente. A Petrobrás continuará com problema na geração de caixa, mesmo atendido o pedido de reajuste, em stand by.
Por outro lado, a Vale que vem amargando margem de rentabilidade menor, em função da depreciação do minério no mercado internacional e da depreciação do dólar, a nova banda cambial será muito bem vindo. Enfim, o setor exportador, será beneficiado com o dólar mais próximo do real valor. Economia engessada, com "câmbio" controlado, dá no que dá. Os burocratas devem aprender, de uma vez por toda, que querer controlar o "incontrolável" é uma tarefa, mais para cartomante do que para técnicos.
Ossami Sakamori, 68, engenheiro civil, foi professor da UFPR, filiado ao PDT. Twitter: @sakamori12
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