Brasil é abundante em rios navegáveis, porém não há modal transporte fluvial. Semana passada O Valor Econômico fez o possível para tentar mostrar a viabilidade deste meio de transporte. É uma pena, porque, é uma forma de transporte a mais econômica dentre outros. Isto pesa diretamente no item custo Brasil.
Os EEUU tem o privilégio de ter o seu rio Mississipi que corta o país continental de Norte ao Sul, passando pela região produtiva de commodities, basicamente complexo milho-soja e desembocando no Golfo do México. Os EEUU produzem só de milho, quase o dobro do complexo milho-soja do Brasil, isto é 330 milhões de toneladas. Grande parte deste volume, circula dentro e para fora dos EEUU pelo modal transporte fluvial.
O Brasil perdeu oportunidade de aproveitar o rio Paraná e o rio São Francisco para transporte fluvial, com finalidade de exportação. Ficou inviável implantação do modal fluvial no rio Paraná, por conta da construção da Usina de Itaipu, sem eclusas, além de sucessivas barragens binacionais Argentina-Paraguai que não previu construção de eclusas. O rio São Francisco ficou inviável para navegação de carga, devido ao assoreamento do seu leito. A usina hidroelétrica de Paulo Afonso, nem seria tanto o obstáculo, porque poderia estabelecer complexo industrial de processamento na região de Petrolina. Restou então a navegabilidade do rio Tocantins, até ao norte do estado de mesmo nome. Parte do problema resolvido com a construção de eclusa na usina hidroelétrica de Tucuruí, já em funcionamento.
Sobrou o rio Amazonas. Uma rara exceção é o aproveitamento do rios Madeira-Amazonas, para escoamento do complexo milho-soja da Região de Rondônia e noroeste do Mato Grosso. O aproveitamento do rios Xingu-Amazonas para escoamento do complexo milho-soja do norte do Mato Grosso fica definitivamente sepultado com a construção da usina de Belo Monte, sem previsão de eclusas. O rio Amazonas a maior do mundo, só serve para dar escoamento de produtos eletro-eletrônico montados no meio da selva, literalmente.
Para complicar ainda mais a situação para um país sem Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico Social duramente defendido por este bloguista, há conflite de interesse sobre a paternidade das eclusas. Pasmem leitores! A Eletrobrás diz que eclusa não é com ela e por outro lado ministério de Infraestrutura diz que não tem verba para construção de eclusa. Uai, a eclusa não faz parte da mesma barragem, que é brasileira. Por que esta briga de empurra-empurra entre os órgãos do mesmo governo federal?
Brasil não há e não haverá transporte fluvial, em volume considerável, por total falta de planejamento dos governos antes, durante e pós Lula. Desacostumamos com o planejamento em logística, porque acostumamos com o transporte via lombo de jegues. Ou simplesmente porque os nossos planejadores são meros asnos que preenchem os gabinetes palacianos.
Ossami Sakamori,67, engenheiro civil, foi prof da UFPR, nem jegue nem asno. Twitter: @sakamori10
Um comentário:
O BAIXO CUSTO DO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO:
Em termos de custo e capacidade de carga, o transporte hidroviário é cerca de oito vezes mais barato do que o rodoviário e de três vezes, do que o por ferrovia. Verifica-se, por exemplo, na União Européia, que a energia específica despendida pelo modo hidroviário é da ordem média de 0,6 MJ/t.km (megajoules por tonelada-quilômetro), enquanto, em condições semelhantes, a ferrovia despende de 0,6 a 1,0 MJ/t.km e os caminhões pesados de 0,96 a 2,22 MJ/t.km.
OS 2400 KM NAVEGÁVEIS DO TIETE: (Eclusas!)
Após vários planos de navegação, elaborados nos últimos anos, finalmente, há pouco tempo o rio Tietê passou a ser navegável em toda a sua extensão, graças às eclusas construídas nos locais dos antigos obstáculos.
DESPERTEM ADMINISTRADORES DO BRASIL PARA A COMPETITIVIDADE NO MUNDO GLOBALIZADO!
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