Ao assistir declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o assunto da Americanas está sob "monitoramento" do Banco Central, me veio a preocupação sobre o tema, que vem ganhando manchetes nas colunas econômicas da grande imprensa, que fez-me aprofundar sobre o tema para melhor informar aos leitores deste blog.
Como todos sabem, a Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial, remédio para empresas em dificuldade de solver os seus compromissos, na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Isto me faz analisar as consequências das medidas adotadas pelos acionistas majoritários da Companhia, os trio de homens, os mais ricos do País.
Maior parte dos débitos alegados na Recuperação Judicial da Americanas são de "créditos quirografários" para com as instituições financeiras, no montante de R$ 42,3 bilhões, sem garantia real. É aqui que mora o perigo e a preocupação do Banco Central, que numa eventualidade da não solvência deste montante, poderia colocar os bancos credores, em situação de iliquidez e num caso extremo o Banco Central ter que tomar medidas extremas, a de fazer "intervenção extra judicial" em razão da insolvência da Americanas.
Para melhor entendimento, as leis que regulam a Recuperação Judicial, prevê como prioridade de pagamentos: os salários e benefícios; impostos e tributos; créditos com garantia real e finalmente os créditos quirografários. Os créditos dos bancos junto a Americanas ficariam na última prioridade para a liquidação, em razão de não ter garantias reais. O que pude apurar, que os créditos eram renovados e ampliados "em confiança" ao trio de acionistas já citados.
Mais dias, menos dias, os Bancos credores serão obrigados a colocar os créditos junto a Americanas como "prejuízo", uma vez que os referidos créditos carecem de garantia real e talvez, nunca venha a receber. Os contratos destes empréstimos num volume tão alto, sem garantia real e sem aval do trio de uma das maiores fortunas do Brasil, vai colocar o próprio "sistema bancário brasileiro" em completa fragilidade.
Lembrando mais uma vez que os empréstimos bancários, originariamente, foram feitas há pelo menos 20 anos e não foram "formalmente" renovados, o que permitiu a apresentação do balanço de forma equivocada pela Americanas, sem configurar como fraude contábil, e aceitas pelas instituições financeiras, apostando na solidez da Companhia, representado pelo "trio", que até então, gozava de idoneidade ilibada.
Passando a fase preliminar de 180 dias, conforme legislação em vigor, os bancos credores, deverão lançar os R$ 42 bilhões listados como credores quirografários, de difícil liquidação. Mesmo no sistema financeiro como o do Brasil, o montante anunciado é extremamente grande. Algumas destas instituições financeiras serão obrigados a pedir "socorro" ao Banco Central, ficando ao critério deste, a opção pela cobertura de liquidez ou fazer a "intervenção extra judicial". Nesta pior hipótese, haverá o efeito dominó em instituições financeiras e nas grandes empresas do setor de varejos, seguindo o mesmo caminho da Americanas.
O "trio" de investidores, tem informação, assessoria e assistência de consultorias de renome internacional que os livrarão de uma eventual processo de "fraude contábil" alegado pelos bancos credores. Desta forma, os maiores prejuízos ficarão com o sistema financeiro nacional. Temo que o efeito Americanas repercutam em outros segmentos da vida empresarial, como que em efeito cascata. Somado a isto, o Governo federal tem equipe econômica, sem experiência e sem competência para dar solução global para o assunto deste tipo. Posso afirmar que estamos no meio do CB ou Cumulus Nimbus, aquelas nuvens negras carregadas.
Enquanto isto, os acionistas minoritários verão os seus investimentos em ações da Americanas "virarem pó" e verão os bancos privados brasileiros em situação de muita dificuldade. E o trio de investidores, continuarão dando aulas de competência, desta vez, do como não deve ser administrado uma empresa, porem, continuarão com suas vidas nababescamente, esquiando nos Alpes suíços como se nada tivesse acontecido.
Ossami Sakamori
Um comentário:
Entendo com um grande prejuízo, uma fraude magnífica, nos quesitos valor, criatividade e o jogo das aparências. Para alguém que lucra anualmente mais de 20bilhoes, como o Itaú, nao vejo como inferir risco de quebra. Para melhor avaliar, seria necessário conhecer as participações das rubricas, e quais seriam do sistema financeiro.
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