Crédito da imagem: Estadão
Muitos leitores me perguntam como será a trajetória do dólar para os próximos dias ou para próximos meses. O dólar está em alta nos últimos dias e fechou ontem em R$ 3,74 após bater em R$ 3,78. Ainda assim, o dólar está cotado abaixo do patamar máximo alcançado dentro do Plano Real, em 21 de janeiro de 2016, quando fechou em R$ 4,16.
No início do mês escrevi: Dólar vai buscar R$ 4,16 no médio prazo. No entanto, como a macroeconomia não é ciência exata, a afirmação minha é apenas jargão (modo de dizer) do mercado financeiro que indica a tendência da valorização de um determinado ativo, no caso o dólar. O quadro político-econômico de hoje é semelhante ao de janeiro de 2016, ano do impeachment da Dilma. Politicamente, o presidente Temer está sendo investigado criminalmente em pelo menos três suspeita de corrupção passiva e sua popularidade está abaixo da crítica. Os indicadores macroeconômicos apresentam quadro semelhante à época, com o governo gastando mais do que arrecada, apesar da equipe econômica alardear que teria havido grandes mudanças. Pelo contrário, no último ano do governo Dilma, fechou o ano que uma pequena "pedalada fiscal" e hoje o Brasil não consegue sair do "rombo fiscal" ou o "déficit primário" gigantesco.
Dito isto como preâmbulo, quero explicar o que o Banco Central do Brasil tem feito para minimizar os efeitos da alta do dólar. Como já afirmei em outras matérias, o Banco Central "intervém" no mercado de câmbio, ao contrário da "livre flutuação". Não, não estou contestando a "intervenção" no mercado de câmbio, apenas estou a "contradizer" a "falácia" de "livre flutuação" do câmbio. A "livre flutuação" do câmbio defendido por vários candidatos à presidência da República me caus um "frio na barriga", um catástrofe à vista.
O Banco Central anuncia que vai aumentar a oferta de "swap cambial tradicional" de 5 mil contratos, equivalentes a US$ 250 milhões, para 15 mil contratos, equivalentes a US$ 750 milhões. Anuncia ainda o Banco Central que se for preciso, vai fazer oferta maior do que anunciado, se assim o mercado exigir. O efeito do lançamento do "swap cambial tradicional" além de "tentar" segurar a alta do dólar, tem o efeito também de "enxugar" o real em circulação no País. À partir de segunda-feria, dia 21, o Banco Central vai "enxugar" cerca de R$ 2,8 bilhões do mercado financeiro, diariamente, até o dólar "se estabilizar". No dito popular, vai ser "na marra"!
Num momento de turbulência na área política e valorização do dólar no mercado externo, a medida tomada pelo Banco Central, embora paliativa, seria uma medida que eu mesmo tomaria se fosse presidente da instituição, dentro da conjuntura descrita. No entanto, o mecanismo de intervenção no câmbio via lançamento de título cambial deverá ser transitório. Isto não pode perdurar por longo tempo sob pena de tornar nulo o efeito desejado de "tentar segurar" o dólar no patamar "comportado".
Por outro lado, o Brasil ao longo dos anos, sobretudo depois da crise cambial mundial, no final da década de 1990, cujo efeito se fez sentir no Brasil, tratou de robustecer a Reserva cambial. Hoje, o Brasil tem Reserva cambial que ultrapassa US$ 380 bilhões. Isto, em tese, nos livra de um eventual ataque especulativo contra o Brasil. Se o efeito do "swap cambial" não fizer mais efeito para segurar o dólar, o Banco Central poderá "queimar" parte da Reserva cambial. Por outro lado, isto seria o "começo do fim" do Brasil.
O fato é que ao lançar o "swap cambial tradicional", o Banco Central está sinalizando que a tendência do dólar é de alta.
Ossami Sakamori
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