quinta-feira, 13 de julho de 2023

Petróleo vai subir !

 

Pode parecer estranho comentar sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia após 16 meses da invasão da Rússia no extremo leste da Ucrânia.   O assunto se tornou o centro de notícias da economia global, desde que o Ocidente alijou a Rússia e os oligarcas do país ao sistema de compensação financeira global, mais conhecido como SWIFIT.  

          De lá para cá, a economia global desandou ainda mais, após a crise econômica advinda da pandemia Covid-19, no passado recente.  O centro da crise é a Rússia por ser ou porque foi a maior fornecedora de energia, barata, via comércio de carvão mineral, petróleo e gás natural, essenciais para a economia da Zona de Euro e Reino Unido.  O bloqueio econômico imposto à Rússia foi um "tiro no pé" para os europeus.

          Dentro deste contexto, a Rússia conta com o apoio da China, a segunda maior economia do mundo, que dá liquidez aos seus produtos como o petróleo e gás natural.   A Rússia se mantém com a compensação financeira em "yuan", a fração da moeda chinesa, "ren-min-bi" e pelo fornecimento de armas pelo Irã.   Por outro lado, a Rússia conta com matérias primas essenciais, abundantes, para produção de energia, ao contrário dos países da Zona de Euro e Reino Unido.  

          Por outro lado, a União Europeia impôs o preço de petróleo proveniente da Rússia, para os países do mundo ocidental ao preço por barril de, no máximo, US$ 60. Por outro lado, nessa última semana, a OPEC, a organização dos fornecedores do petróleo, na qual a Rússia faz parte, estabeleceu limite de produção entre os membros, para "segurar" ou "aumentar" o valor do petróleo, incluído a produção de petróleo da Rússia.  A OPEC, em outras palavras é um "cartel" de petróleo, que direciona o preço de petróleo ao nível desejado, deles.

         Na outra ponta, a Ucrânia deseja desesperadamente fazer parte da OTAN, cujo membro majoritário são os Estados Unidos, que fornece maior parte de armamentos de última geração.   A OTAN deu sinal verde sobre a participação da Ucrânia como um dos seus membros, porém, com condição de ingresso somente após o fim do conflito do país com a Rússia.  Se a OTAN aceitasse a Ucrânia como membro, em conflito com a Rússia, obrigaria a participação da OTAN no conflito com a Rússia, o que é indesejável para os Estados Unidos, membro da OTAN.

         O Brasil tem ligação estreita com a Rússia, sendo membro da BRICS, uma organização que compõe, China, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul e por outro lado, depende do comércio bilateral com os membros da União Europeia e Reino Unido.   A essa altura, o País tomar partido no conflito Ucrânia x Rússia seria suicídio econômico e comercial.  A essa altura, a assessoria do Presidente Lula deve tê-lo advertido.

         Há poucos dias atrás, um leitor deste me cobrou comentário sobre a situação da Rússia perante ao mundo e ao Brasil, em especial.   Politicamente, o Brasil é um país de periferia, sem peso político no contexto mundial, porém, no aspecto econômico, o Brasil é um player importante no comércio internacional, sobretudo, em produtos agropecuários e minérios de ferro.  Brasil, na minha opinião, não se meter onde não é chamado!

         Após 16 meses de conflito entre Ucrânia e Rússia, somado à inflação e consequente alta taxa de juros básicos do Tesouro Nacional dos Estados Unidos, está mais do que claro que a economia global estará andando no terreno pantanoso de "estagflação", que é a soma da estagnação e da inflação.   A discussão sobre a taxa básica de juros Selic do Banco Central do Brasil, está inserido neste contexto global, longe ser apenas um problema nacional.   A briga pública sobre a taxa básica de juros Selic entre Campos Neto e Presidente Lula, tem origem muito mais profunda do que se possa imaginar, conforme comentado acima.   

          Ossami Sakamori 

Nenhum comentário: