domingo, 2 de julho de 2023

O povo que se lasque!

 

Torna-se maçante e desgastante, mais uma vez, voltar a fazer comentários sobre a política econômica do Governo Lula ou a ausência dela, no meio de  tiroteio entre o Banco Central e o Executivo federal.   O setor produtivo do País, a indústria, comércio e serviços espera "sentado" a definição da "política econômica" do Governo federal para tomar decisões sobre os investimentos de médio e de longo prazo.   Passado 6 meses completo do Governo Lula, podemos fazer um breve diagnóstico sobre a atual situação econômica do País.   

         1. Não há, até o momento, uma "política econômica" do Governo Lula que poderá nortear a que direção o Brasil vai caminhar nos próximos 4 anos.   Política econômica é um conjunto de medidas do Governo federal, que mostra o "viés" ou o "rumo" que se quer dar à economia do País, englobando os governos e o setor produtivo.   Política econômica, engloba os  diversos setores da atividade produtiva do País, como agricultura, indústria, comércio e de serviços, além do Governo.   Naturalmente, os gastos públicos em investimentos pelo Governo federal, em setores de infraestrutura e de energia, são fundamentais para mostrar o "norte", a direção, da "política econômica".  

          2. A política fiscal diz respeito aos gastos públicos nos setores de saúde, educação e segurança pública, incluindo as despesas com o judiciário e legislativo.  A política fiscal, que os novos ministros da área econômica denominam de "arcabouço fiscal", nada mais é do que conjunto de despesas de responsabilidade do Governo federal, incluído Previdência Social.  Chamar a "política fiscal" de "arcabouço fiscal" serve apenas para confundir os investidores produtivos nos seus planejamentos de médio e de longo prazo.   Arcabouço fiscal não é política econômica!

        3. Política monetária é o que o Banco Central de qualquer país executa, com o objetivo de garantir o "poder de compra" da moeda local, no nosso caso, o "real".  Em outras palavras, o Banco Central cuida de manter a inflação ao patamar que acompanhe o "crescimento econômico" sustentável do País.   Por falta de uma "política econômica" do Governo federal, o Banco Central, pratica a  taxa básica de juros Selic no mais alto nível, comparado com a inflação corrente, dos últimos 12 meses, como se dirigindo um veículo no escuro. 

         4. Diante da conjuntura posto acima, o Banco Central pratica a taxa básica de juros Selic, "escorchante", muito acima ou exageradamente acima da inflação corrente, a dos últimos 12 meses corridos.   Assim, a taxa de juros reais, a mais alta do mundo, atrai ao País, investidores especulativos estrangeiros, que eu os denomino de "agiotas internacionais" para ter ganho em títulos do Tesouro Nacional, aproveitando o "spread" entre os juros e a inflação, provocando a apreciação ou a valorização do real, depreciando o dólar americano, referência para o comércio e transação de conta corrente do País, provocando a falsa sensação do poder de compra do real.  

        5. O resumo é que o Brasil padece de dois graves problemas, ambos interligados: a) A ausência ou falta de uma "política econômica" por parte do Governo federal;  b) Na ausência desta, o Banco Central pratica a taxa básica de juros, a mais alta  dentre a economia global;    c) A ignorância da equipe econômica de pensar que o "arcabouço fiscal", que é a "política fiscal" do Governo federal, engloba a "política econômica" que engloba todos os setores da economia brasileira, além do setor público, provoca as brigas públicas desnecessárias ente Banco Central e ministros da área econômica. 

       6. Enquanto isso, medidas pontuais vão sendo implementados, como o "plano safra" em volume adequado ao setor produtivo que representa ao redor de 30% do PIB.  Isto é, parte da política econômica, mas longe de atender os demais setores da economia do País.  Não disponibilizar financiamento para agricultura seria um "tiro no pé".  

        7. Brasil é um país pujante, com clima temperada, situado em latitude propício para o setor agrícola e população de 203 milhões indivíduos, com formação de mão de obra capaz de transformar os produtos primários em produtos industrializados, tornando o Brasil um "player" do mundo.

         Com tudo que foi dito e com  tanta potencialidade, pergunto: Onde erramos, para estarmos passando por uma situação de "pedinte" junto aos países do hemisfério norte e para completar, os políticos se engalfinham por questão ideológicas.  E o povo?  O povo que se lasque!  

          Ossami Sakamori          

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