terça-feira, 11 de novembro de 2014

Oi passa por crise de identidade!

Crédito da imagem: Estadão

Vamos lá. Hoje, vou enveredar num terreno pantanoso que nem mesmo os consultores especializados tem medo de opinar sobre a real situação econômica da operadora Oi. Muitos tem medo de se indispor com os grupos econômicos Jereissati, também, controlador da La Fonte, Telemar Participações e Fundação Atlântico Sul. Também tem como controlador junto com o grupo Jereissati, a família Andrade Gutierrez que comanda a poderosa Construtora Andrade Gutierrez. 

Vou aproveitar o gancho sobre a notícia de que a angolana Isabel dos Santos, por acaso filha do presidente José Eduardo dos Santos, pretende adquirir o controle da Portugal Telecom SGPS. A Portugal Telecom no processo da fusão com a Oi detém 25,6% da empresa Oi pós fusão. 

Isabel dos Santos já demonstrou, segundo notícias, a contrariedade no processo de venda de parte dos ativos da Portugual Telecom incorporada, especificamente a PT operacional. A oi pretendia fazer caixa para o plano de expansão e saneamento da Oi. A iniciativa da Isabel dos Santos é mais uma pedra no sapato do grupo controlador brasileiro formado pelas famílias Jereissati e Andrade Gutierrez.  

Para quem não se lembra a empresa Oi é produto da fusão entre as empresas Brasil Telecom e Temar Norte Sul. As empresas que deram origem a Oi, são heranças do processo de privatização da Telebras fatiada.  A terceira fatia na privatização ficou com o grupo espanhola Telefônica, hoje Vivo.  Digamos que a Oi, carrega os esqueletos bons e ruins dos ativos e passivos da Telebras decorrentes do processos de privatização.

Para melhor entender, a operadora de telefonia celular, a TIM, decorre também do processo de privatização da Telebras fatiada, a parte celular. A TIM, cujo controle é da Telecom Itália, hoje pertence ao Vivo do grupo Telefônica espanhola.  Como o mesmo grupo econômico não pode ter duas operadoras operando no País, a Vivo deverá desfazer-se da TIM para atender a legislação vigente sobre telefonia e sobre concentração da fatia de mercado. Estas mudanças ocorrem nos países de origem, Itália e Espanha.

Acontece que a empresa Oi está numa situação econômica financeira nada boa. O balanço patrimonial mostra claramente a situação da Oi. Após a consolidação do balanço patrimonial incorporando os ativos e passivos da Portugal Telecom, continua visivelmente crítico e vulnerável. A Oi está caminhando a passos largos para insolvência, se não limpar os ativos duvidosos e diminuir o nível de endividamento. 

O patrimônio líquido da Oi, em 31 de dezembro de 2013 , registrava R$ 25,8 bilhões. Do lado do passivo constava como empréstimos R$ 50,8 bilhões, maior parte em dólares, além de provisões de R$ 4,4 bilhões. Qualquer variação de aumento de dólar em 10%, grosso modo, a dívida do grupo aumentaria em R$ 5 bilhões. Com crise cambial à vista, a situação da Oi, fica muito mais crítica do que já combalida posição de hoje.

Do lado dos ativos, existe esqueletos que vem desde à época da privatização, que são incógnitas.  Vamos lá, os esqueletos: Depósitos judiciais R$ 11 bilhões,  Intangíveis R$ 10,7 bilhões, tributos diferidos R$ 7,5 bilhões. Somados os esqueletos dá uma bagatela de R$ 29,2 bilhões. Curiosamente, o valor supera o patrimônio líquido. De quanto deste esqueleto representa real valor do ativo é uma incógnita.  É possível que recupere uma parte disto.

Do lado do passivo da Oi, ainda tem as centenas de milhares de processos judiciais em andamento sobre as participações financeiras nas vendas de linhas de telefones à época da Telebras, sucedidos pela Telemar e Brasil Telecom. Uma parte destes passivos, as sentenças trânsito julgados já estão lançados como depósitos judiciais, mas a maior parte dos processos judiciais ainda está pendente de provisionamento. Estima-se que o valor destes processos que ainda não transitaram em julgados representem mais de R$ 3 bilhões. Este é o esqueleto do tempo da Telebras que não estão nem contabilizados, até por falta de dados concretos. 

Além do ativos esqueletos citados no parágrafo anterior, consta do balanço o ativo denominado de Goodwill de R$ 11,3 bilhões que foram incorporados na fusão com a Portugal Telecom.  Resta saber se os R$ 11,3 bilhões, são mesmo valores reais ou mais uma falcatruas escondidas, uma vez que a Portugal Telecom mantinha em seus ativos créditos podres junto ao Banco Espírito Santo, recém liquidado pelo governo português.

No meu entender, a situação da Oi se agravou ainda mais não participando da licitação da telefonia celular 4G. Arremataram as faixas de telefonia 4G as companhias: Claro (Carlos Slim), Vivo (Telefônica) e TIM (Telefônica) e pequenas operadoras independentes. A Oi não participou da licitação da faixa 4G, abrindo mão de uma fatia importante do mercado que vai predominar no futuro.

A Oi ficou em posição de desvantagem em relação às operadoras concorrentes, que já são gigantes pelo peso do grupo econômico que está por trás.  Resta a Oi participar do mercado de telefonia 4G comprando ou a TIM inteira ou parte expressiva da TIM. Explica-se, o grupo Telefônica terá que vender a TIM, inteira ou fatiada, para obedecer as regras da Anatel e do CADE.

Diante do que foi exposto, devo dizer que a situação da Oi está muito séria.  Não há perspectiva futura de mercado para Oi, uma vez que abriu mão de participar da licitação da faixa 4G. A situação econômica financeira da Oi é de no mínimo crítica, mesmo sem considerar os possíveis esqueletos herdados da Telebras. 

Quanto às famílias Jereissati e Andrade Gutierrez, não se preocupem.  Na ocasião da privatização o BNDES financiou a operação de leilão da privatização, portanto não colocaram um tostão sequer. No meio do caminho, as famílias já embolsaram volume expressivo de dólares na venda de uma boa parte da participação para a Portugal Telecom. Não estranhe se a Oi passar de comprador da TIM passar para vendedor para TIM.  

Os minoritários da Oi que se cuidem com as manobras das famílias controladoras. Os minoritários respondem por 4,42% das ações do grupo Oi, resultante da fusão com Portugal Telecom. 

Digamos que a Oi passa por crise de identidade!

Ossami Sakamori



2 comentários:

Anônimo disse...

Que saudade da Embratel.
Que saudade do disco de vinil.
Que saudade do Brasil.

daniel camilo disse...

É isso aí! Lembro-me de quando foi instalado em nossa casa o 1º telefone fixo. Chegávamos da escola correndo só para saber da mãe se algum amigo tinha ligado. E se algum amigo tivesse ligado para convidar para uma festinha era ela que decidia se íamos ou não. Hoje tudo mudou. Os jovens quando muito, enviam à mãe uma mensagem assim: -Mãe, tô vazando! E a triste mãe fica rezando para Deus guarda-los, já que só ele(Deus) sabe onde estão.