domingo, 21 de junho de 2020

Ditadura militar, nunca mais!


Fala-se muito em "intervenção militar" como se fosse a "solução" para a "crise política", de hoje, entre os 3 Poderes da República.  Poucos vivenciaram a "ditadura militar", termo pouco usado hoje em dia.  Hoje em dia, a denominação usual é, no máximo, "regime militar".  Os próprios militares não querem mudar a "expressão" para tentar apagar da história brasileira, o regime político de "exceção".  Esta matéria vai para o crivo da Agência Brasileira de Inteligência, a antiga Serviço Nacional de Informação.  No entanto, creio ser minha "missão", esclarecer alguns fatos não tão explorados pela imprensa.  

No dia 31 de março de 1964, pela manhã, a população brasileira viu os "tanques" do Exército nas ruas.  Antes da data, ninguém imaginava que o Exército desse o "golpe militar", termo que ficou conhecido no meio universitário.  Eu acabara de me matricular, em fevereiro de 1964, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná.   Eu iria fazer naquele ano, 20 anos.  Vim de família humilde, filho de agricultores, do interior do Paraná e talvez, por isso, levei algum tempo para "cair a ficha".

Pois, havia sido implantado a "ditadura militar" no País, para substituir o governo "populista" do João Goulart.  No período inicial da "ditadura militar" era considerado "anos de chumbo", com remoção do Presidente da República e "intervenção" no Congresso Nacional.  Foram feitas modificações na Constituição da República para "legitimar" o "regime militar" no poder.  Alguns de nossos colegas de Universidade foram para a "militância" contra a "ditadura militar".  Os que foram para militância tinha estrutura econômica familiar "classe média alta".  Os estudantes pobres, não tinham tempo para a "militância", porque tinham que trabalhar para o seu próprio sustento.  Era a realidade da época.

Lembro-me que, os "militantes", eram levados a prestar depoimento e serem "fichados" no DOPS - Delegacia de Ordem Política e Social, sem nenhum mandado de quem quer que fosse a "autoridade".   E estes eram julgados pela "Justiça Militar".  Eu mesmo fui testemunhar "a favor" de alguns amigos nos processos que corriam, apenas porque tinham participados da "reunião de Ibiúna".   Isso era a "ditadura militar", período que não tenho boa lembrança como brasileiro e por isso mesmo, repudio a volta da "ditadura militar".  

O presidente da República, Jair Bolsonaro, invoca a intervenção militar, baseado no Artigo 142 da Constituição Brasileira.  A intervenção militar previsto no Artigo 142 prevê restabelecimento da "lei e ordem" no sentido de segurança  pública da população, que já vem sendo implementado em algumas situações.  É esperteza dos "militantes" de hoje, confundir a "intervenção militar" com a "ditadura militar".  Uma coisa, uma coisa... Outra coisa, outra coisa!

Se houver a volta da "ditadura militar", não será via Artigo 142 da Constituição, mas será por via da "força coercitiva" do Alto Comando do Exército, sem ouvir os poderes constituídos da República.   O mapa da "ditadura militar", se houver, será por via dos Comandos Militares, conforme a lista abaixo.   Apenas, se lembrem de que um General não bate continência para um Capitão.

Comando MilitarQuartel-generalJurisdição
Brasão do Comando Militar da Amazônia.jpg Comando Militar da Amazônia (CMA)Manaus (AM)12.ª Região Militar[64]
CMNBrazil.png Comando Militar do Norte (CMN)Belém (PA)8.ª Região Militar[64]
CMNE.png Comando Militar do Nordeste (CMNE)Recife (PE)6.ª, 7.ª e 10.ª regiões militares[64]
CMO - 2.png Comando Militar do Oeste (CMO)Campo Grande (MS)9.ª Região Militar[64]
CMP.png Comando Militar do Planalto (CMP)Brasília (DF)11.ª Região Militar[64]
CML.png Comando Militar do Leste (CML)Rio de Janeiro (RJ)1.ª e 4.ª regiões militares[64]
CMSE.png Comando Militar do Sudeste (CMSE)São Paulo (SP)2.ª Região Militar[64]
DistCMS.jpg Comando Militar do Sul (CMS)Porto Alegre (RS)3.ª e 5.ª regiões militares[64]

Não foi fácil escrever o período obscuro da história política brasileira, no entanto, achei no dever de lembrar que o combate à "esquerda" brasileira, poderá ser feito via "formadora de opinião", como venho fazendo desde fevereiro de 2012, auge do governo petista, à época com 77% de aprovação pela população.   Pergunto: Onde estavam os atuais "estrelas" da direita, quando a Dilma estava com popularidade em alta?    Pois, eu já estava na "trincheira" contra os governos corruptos da Dilma e Lula e já estou "velhinho" para ficar na militância.  Mas... a minha espinha dorsal continua a mesma...

Ditadura militar, nunca mais!

Ossami Sakamori

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