sábado, 12 de janeiro de 2019

Dólar baixo é tiro no pé para o Brasil

Crédito da imagem: Veja

O dólar teve queda acumulada nos últimos 30 dias, em 5,12%.  Nesses primeiros dias de 2019, dentre os 140 países mais desenvolvidos, o real é a moeda que mais valorizou ante a moeda americana (dólar).  A perspectiva desenhada pelos analistas econômicos mostra a baixa do dólar, deve-se sobretudo à desaceleração da economia mundial e a travada batalha comercial entre Estados Unidos e China (primeiro e segundo em PIB do mundo).  Isto tem consequência.

O Banco Central do Brasil não está fazendo intervenções no mercado de câmbio, como fazia quando o dólar esteve alto, através da venda de swap cambial tradicional.  Como no governo desastrado da Dilma, o Banco Central atua na alta do dólar (real desvalorizado), mas não atua na baixa do dólar (real valorizado).  O tão defendido "câmbio flutuante", levado ao pé da letra, num sentido (na baixa do dólar), mas nem tanto noutro sentido (na alta do dólar), pode trazer consequências nefastas ao País. 

Os formuladores da política econômica, tem medo de defender as "intervenções" no mercado de câmbio e os fazem quando a intervenção é para conter a alta do dólar (real valorizado).  Tudo tem a explicação.  O dólar alto (real desvalorizado) é impopular, porque produz sensação de impotência da moeda local, enquanto o dólar baixo (real valorizado) produz sensação do poder de compra, sentido sobretudo nos gastos no exterior.  

Este filme já assistimos nos sucessivos governos do PT.  O dólar baixo (real valorizado) criou-se a classe de "emergente", que "de repente" viu as viagens internacionais muito barato.  Com dólar baixo (real valorizado), a classe "emergente" fazia viagens à Nova York (uma das cidades mais cara do mundo) para fazer compras de roupas, sapatos e enxovais de bebê.  Com o dólar baixo, não valia mais o setor industrial produzir no País.  Importava-se de tudo, sobretudo nos governos da Dilma, de tomates para industrialização ao feijão preto.  Deu no que deu!  Houve a desindustrialização do País, criando um contingente enorme de desempregados e sub-empregados, cerca de 40 milhões, tornando o contingente de trabalhadores com carteira assinada reduzida a apenas 33 milhões de trabalhadores diante da força de trabalho de 105 milhões. 

A defendida pelo ministro da Economia Paulo Guedes e o próprio mercado financeiro sobre a independência do Banco Central é um equívoco para um país emergente como o Brasil.  Fica a dúvida se o novo presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, pertencente ao mercado financeiro, vai continuar defendendo o dólar baixo (real valorizado) ou o dólar alto (real desvalorizado).  O Brasil não tem espaço para praticar o "cambio totalmente flutuante" como se fosse países de economia desenvolvida como Estados Unidos, Alemanha e Japão.  Será que o "câmbio monitorado" como faz a China não seria uma opção para um país no estágio de desenvolvimento como o nosso?  

Esse mesmo recado passei ao governo Dilma, em 2012: O dólar baixo é tiro no pé para o Brasil.

Ossami Sakamori

2 comentários:

Oledir Silva disse...

O dólar elevado traz reflexos para inflação, sobre tudo o aumento dos combustíveis, motivo pelo qual o governo tente intervir na desvalorização do real...

Álvaro Santos disse...

Caríssimo, todo novo governo tende a explorar factos positivos para alcançar apoio popular; hoje com o advento da internet, poucos formadores de opinião agem com a responsabilidade de alertar a sociedade dos riscos do dólar baixo.

Afeta a produção no aumento das importações, ajuda na compra de máquinas e equipamentos, mas atrapalha o setor de exportações.

O equilíbrio necessário depende da equipe econômica, será que ela é do mercado ou é política tanto quanto as outras?🙄🙄🇧🇷🇧🇷🤔🤔🤗🤗