Há muita polêmica em torno da taxa básica de juros Selic, de um lado o Presidente Lula e do outro lado o presidente do Banco Central, Campos Neto. De um lado o Presidente da República preocupado com o crescimento econômico do País, que afeta diretamente à sua popularidade e do outro, o presidente do BC preocupado em manter o poder de compra do real ou inflação sob controle ou próximo da meta do Banco Central para este e pelos próximos dois anos.
Em todos países do mundo, sobretudo em países do primeiro mundo, o ministério da economia cuida da política econômica e os Bancos Centrais cuidam da taxa de juros da dívida pública, sem perder de rumo o "crescimento econômico" do País. Na prática, um serve de freio para o outro, o Banco Central faz a vez do freio à política fiscal do Governo. Esta relação de respeito entre uma instituição com outra, evita uma relação incestuosa, de compadrio, de Banco Central ser mais um "ministério" do Governo federal. O exemplo vem da maior economia do mundo, os Estados Unidos. Lá, o presidente Biden não dá palpite sobre taxa de juros básicos do FED - Federal Reserve, que vem a ser o Banco Central americano e nem o Jerome Powell se mete na política econômica do Biden. O respeito mútuo na maior economia do mundo serve de exemplo para o Brasil. Pelo contrário do FED, o Banco Central do Brasil, corre atrás para "consertar" os eventuais excessos na política econômica, que resulte na "inflação" galopante, que fatalmente levaria à perda do poder de compra do povo brasileiro.
Feita a introdução preliminar sobre a separação dos "poderes" entre o Governo federal e o Banco Central, vamos à análise do caso presente, a política econômica e a política fiscal do Governo federal em confronto com a política monetária do Banco Central. O Executivo ou o Governo federal, desde a última crise econômica/financeira, vem apresentando persistente "déficit primário", que nada mais é do que o "rombo fiscal", por mais que mude a denominação da política fiscal para "arcabouço fiscal". Com o novo "arcabouço fiscal", o Governo federal prevê um "rombo fiscal" próximo de R$ 107 bilhões, já contando com a receita extraordinária de contenciosos das grandes corporações com o Governo federal, segundo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na outra ponta, a boa notícia é que a inflação está cedendo e hoje está ao redor de 6% ao ano, pelo último dado do Banco Central. Na minha opinião, já manifestada em outros comentários anteriores, a taxa básica de juros Selic poderia ceder 1,5% em relação ao atual nível de 13,75% ao ano, sem causar transtornos ao fluxo de dólares, que por ora está positivo para o Brasil. Este fluxo de dólares a favor do Brasil, não está sendo canalizado para o setor produtivo, mas sim para o mercado financeiro especulativo, infelizmente.
O Brasil, no meu entender, é considerado importante no cenário mundial e para tanto, os principais atores, Presidente Lula e Campos Neto, presidente do Banco Central, deveriam parar com as brigas, via imprensa, e cada um se explicar as suas próprias razões sobre a taxa básica de juros Selic estar alto. Eu, como comentarista de "fim de semana", opino que a taxa básica de juros Selic deveria estar no patamar de 12,25% ao mês, como já manifestei algumas vezes, sem nenhum abalo no mercado financeiro. O Banco Central, em querendo, poderia calibrar o depósito compulsório das instituições financeiras para compensar eventuais efeitos da taxa básica ao nível mais baixo do que a atual. Nem tanto terra, nem tanto o céu, já diz o ditado popular para uma situação como esta.
Fica claro que ou a favor de baixar a taxa básica de juros Selic ao nível de 12,25%, durante o restante do ano, não pelo desejo do Presidente Lula, mas pelas razões técnicas expostas.
Ossami Sakamori
Um comentário:
Inflação 6%a.a., juros podem e devem recuar, calibrados pelo nível de atividade da economia e inflação no processo de pouso.
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