Há 10 meses afirmei que o conflito entre Ucrânia e Rússia iria causar a crise econômica global, maior do que da crise hipotecária de 2008, em decorrência da quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos. Pois, infelizmente, o quadro que se apresenta é pior do que se possa imaginar, além de não ver para os próximos meses o fim da guerra entre os dois países.
Vocês se lembram que dois dias após a invasão russa aos territórios ocupados da Ucrânia, a União Europeia alijou a Rússia da compensação financeira SWIFIT do sistema bancário internacional. No entanto, o bloqueio econômico contra Rússia, acabou terminando em tiro no pé para os europeus. Enquanto perdura o bloqueio econômico, a Rússia encontrou a saída para o bloqueio econômico fazendo intercâmbio comercial, incluindo petróleo e gás, com a China e Índia, seus vizinhos. Putin faz, também, parceria com o Irã, para fornecimento de mísseis conhecidos como "drones balísticos", de alta precisão.
Na última semana, o presidente Zelensky fez uma visita aos Estados Unidos na tentativa de ter o fornecimento de "drones balísticos" de alta precisão, semelhante aos dos iranianos. A viagem do Zelensky serviu, também, para pedir socorro financeiro para enfrentamento da guerra e da posterior reconstrução do país, num montante que, segundo a imprensa internacional, poderá ser de até US$ 40 bilhões. Enquanto isto, Putin já deu cidadania russa para a população dos territórios ocupados, conforme mapa acima, fornecendo passaporte russo e permitindo livre trânsito dos "ucranianos" das províncias ocupadas ao território russo. Concomitante ao passaporte russo, a população da zona ocupada, recebeu conversão da moeda ucraniana pelo rublo russo. Desta forma, fica cada dia mais distante a devolução do território ocupado pela Rússia. E... a guerra deve continuar por longo tempo.
Os últimos movimentos do Putin foram as explosões "propositais" dos gasodutos, para deixar cada vez mais difícil a situação energética na Zona de Euro e Reino Unido. Alguns países da Zona de Euro, diante da situação, estão fazendo contrato de fornecimento de gás liquefeito, com os árabes do Oriente Médio, por via marítima, transportados em navios tanques. Com a entrada de inverno, os europeus estão sofrendo com a falta de gás russo, que eram importados via gasodutos terrestres e marítimas.
Enquanto não houver solução do conflito Ucrânia x Rússia, os países da Zona de Euro e Reino Unido vão continuar com a atual situação, a de estagnação e inflação, somados, denominado de "estagflação". O resultado é que a crise econômica da Europa, somado à inflação acima da média dos Estados Unidos e crescimento abaixo da média dos últimos anos da China, o mundo global vai continuar, no próximo ano, 2023, no meio do redemoinho da crise econômica global.
Dentro do contexto global, por mais que tenha a boa vontade e com as suas âncoras fiscais, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai encontrar muita dificuldade em fazer o Brasil na bonança de crescimento econômico, com inflação contida nos patamares atuais.
Ossami Sakamori
Nenhum comentário:
Postar um comentário