quarta-feira, 5 de junho de 2019

Guedes prefere desemprego em massa


Aos poucos vou entendendo o pensamento do ministro da Economia Paulo Guedes acerca da sua política econômica, dito por ele como sendo liberal.  Ontem,  o ministro da Economia esteve na audiência, convidado que foi pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. O ministro fez longa defesa da reforma da previdência, em tramitação, na Comissão especial da Câmara.  Ao longo de mais de seis horas de depoimento, além da reforma da previdência propriamente dita, acabou revelando a estrutura da "política econômica" do governo a qual faz parte. 

Até ontem, pelo menos para mim, não estava claro o pensamento econômico do ministro Paulo Guedes, senão em linhas gerais. Em linhas gerais, defendeu a teoria liberal do professor Milton Friedmann da Universidade de Chicago, lançado nos anos 60. O professor Friedman foi um conselheiro econômico importante do Ronaldo Reagan, enquanto o republicano ocupou a posição de chefe de estado dos Estados Unidos da América.  A filosofia da sua política econômica exaltava as virtudes de um sistema econômico de livre mercado com intervenção mínima. 

Fica cada vez mais evidente a opção do ministro da Economia Paulo Guedes pela nova teoria macroeconômica, que não é tão nova assim. A conhecida teoria da Universidade de Chicago, que contrapõe à teoria conhecida como "keynesiana", é defendida "ipsis litteris" pelo ministro Paulo Guedes.  Para entender melhor, o Keynes foi precursor do "conceito de macroeconomia", com sua obra "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", editada em 1936. 

Para entender ainda melhor, foi um outro presidente americano, bem anterior ao presidente republicano, o democrata Franklin Roosevelt, que tirou os Estados Unidos da pior "depressão econômica" que os Estados Unidos viveram, a de 1929. Roosevelt serviu como presidente de todos americanos de 1933 a 1945, para entender o contexto.  Ele, Roosevelt, encabeçou um programa de ajuda, recuperação e reforma econômica-social, conhecido como New Deal, que expandiu a regulamentação, o tamanho e os poderes do governo federal, especialmente na economia. 

Deu para perceber nas falas do ministro Paulo Guedes, a sua inclinação à teoria liberal do professor Milton Friedmann da Universidade de Chicago. O ministro Paulo Guedes, sempre faz referência à teoria macroeconômica, de sucesso (sic) adotada pelo ditador Augusto Pinochet do Chile e seguido por sucessivos presidentes, de direita à esquerda.  Augusto Pinochet, que governou o Chile de 1974 a 1990, foi buscar os jovens economistas chilenos, recém formados, na Universidade de Chicago, os conhecidos "Chicago boys", para implementar a política macroeconômica, a tão referenciadas pelo ministro Paulo Guedes. 

O Brasil, através do ministro da Economia Paulo Guedes, está optando pela teoria macroeconômica do Milton Firedmann, na sua integralidade, tentando repetir o sucesso do governo Reagan dos Estados Unidos, da década de 60.  Vamos apenas lembrar que os Estados Unidos não estava, àquela época, em depressão.  Quem enfrentou a depressão, foi outro presidente americano, o presidente Roosevelt na década de 30, para tirar os Estados Unidos da depressão de 1929. Por óbvio, o presidente Roosevelt baseou o plano baseado na teoria do outro professor, o Jonhn Maynard Keynes.

O Brasil, através do ministro da economia Paulo Guedes, diz pretender implementar a economia liberal nos moldes daquela implementado pelo Augusto Pinochet, na década de 60. Paulo Guedes na sua teoria liberal, resguarda os interesses dos banqueiros, que sobrepõe aos dos setores produtivos.  O resultado é o que está aos olhos vistos: os bancos apresentando lucros nunca dantes vistos e por outro lado, as maiores empresas do setor produtivos estão entrando em situação de insolvência.  

O defeito desta "teoria liberal", levado ao extremo, é que não resolverá a situação de desemprego no País, muito ao contrário.   

Ossami Sakamori

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