O gráfico acima mostra a evolução de desemprego de um país. Por acaso esse país se chama Estados Unidos da América. Não por acaso que peguei para ilustrar o que vou dizer aqui. Ao comentar sobre o índice de desemprego, num país que representa 25% do PIB mundial, devo quebrar o paradigma cultural do povo brasileiro: O de achar que todo que é bom para outros, não é bom para o Brasil. Isto tem uma denominação: "o síndrome do cachorro magro", também.
Os políticos, empresários, economistas e articulistas econômicos e de certa forma a grande imprensa brasileira, não só rejeitam os bons exemplos, mas inventam a maneira própria de formular a política econômica do País. Acho que é mais uma questão cultural, mais do que o desconhecimento da matéria com profundidade. A política econômica "jaboticaba", a fruta que só dá no Brasil, tem levado o País às sucessivas "crises econômicas". Invariavelmente, nós estamos no "olho" de mais uma dessas crises, o mais longo período de "recessão".
A equipe econômica do ministro da Economia Paulo Guedes, prestigiada pelo "mercado financeiro" e pelos empresários que o seguem com tamanha fidalguia e convicção, que acabam formando um "efeito manada". E aqueles que não acreditam, são taxados de "esquerda", como se política econômica está compartimentalizados em "esquerda" e "direita". Todos acreditam no Paulo Guedes. Se o Guedes vai para o buraco, todos o seguem, sem questionar.
A macroeconomia não funciona assim. Não basta uma boa política econômica. É necessário a sintonia de política econômica com a política monetária. Não existe política econômica "dissociada" da política monetária. Pois, voltemos ao gráfico do topo. O gráfico mostra o "índice de desemprego" dos Estados Unidos da América. O "foco" da política econômica e da política monetária dos norte americanos é o "índice de desemprego". É consenso por lá.
Ambas políticas, a econômica e a monetária dos americanos são conduzidos, respectivamente, pelo Departamento do Tesouro e pelo FED - Federal Reserve. No caso brasileiro, corresponderia ao Ministério da Economia e ao Banco Central. Lá nos Estados Unidos como no Brasil, ambas instituições funcionam independente. Porém, no Brasil, as instituições direcionam suas orientações, muitas vezes, um indo para o lado oposto. Talvez porque, o ministro da Economia pensa, somente, em crescimento econômico e o presidente do Banco Central só pensa na inflação. Em tese acadêmica, isto é bonito demais!
Mostrando a diferença entre os Estados Unidos e o Brasil, ressalta o fato de que as instituições que balizam os americanos tem como foco principal o "índice de desemprego", com olhos voltados para a inflação. Aqui, ao contrário, o foco é "pagamento de juros da dívida pública". Sim, tanto o ministro da Economia como o presidente do Banco Central está preocupado em "estar adimplente" com o pagamento dos juros da dívida pública. Isto que eu denomino de política econômica "jaboticaba".
Os Estados Unidos se preocupam em criar empregos, até porque o pleno emprego leva o país ao crescimento econômico sustentável e traz estabilidade social. Enquanto isto, o objetivo principal do ministro da Economia, Paulo Guedes e do presidente do Banco Central, Campos Neto dá prioridade para o pagamento de juros da dívida pública, que hoje representa ao redor de 75% do PIB. Em linguagem chula, podemos dizer que "estamos na mão dos agiotas".
Sem medo de errar, posso afirmar que o Paulo Guedes da Economia, tanto quanto o Campos Neto do Banco Central, são servidores dos investidores especulativos. Aliás, ambos são oriundos da banca de investidores "não produtivos". Na terra da "jaboticaba", os banqueiros mandam. Antes dos atuais formuladores da economia, o Ministério da Economia esteve sob o comando de um outro banqueiro, o Henrique Meirelles.
Pelo tudo que foi dito, dá margem para eu ler o pensamento dos formuladores da nossa política econômica: "Os desempregados que se lixem !"
Ossami Sakamori
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