sábado, 15 de junho de 2019

Não é a previdência que vai quebrar o Brasil

Crédito da imagem: Veja

O ministro da Economia Paulo Guedes foi, no mínimo, infeliz ao se referir ao relatório do deputado Samuel Moreira, PSDB/SP, quando disse textualmente: "...abortaram a Nova Previdência". O Paulo Guedes queria mesmo era a previdência pública sob regime de capitalização. Digo eu, pela quinquagésima vez: "O que vai quebrar o País no curto prazo, muito antes da previdência é a dívida pública da União".

Para quem está chegando, esclareço que a Nova Previdência que o Paulo Guedes se refere é a previdência sob "regime de capitalização", onde cada cidadão capitaliza para sua aposentadoria.  Atual sistema de previdência, mesmo com as mudanças propostas por Guedes é por regime de "repartição" onde todo o povo contribui para o sistema de previdência continuar de pé. 

O projeto do ministro da Economia era, além de criar a Nova Previdência, faria corte de R$ 1,2 trilhão ao longo de 10 próximos anos.  O relatório do deputado Samuel Moreira, prevê economia de R$ 913 bilhões em 10 anos.  A previdência pública, mesmo com a reforma, estará quebrada, num horizonte de 20 anos, com ou sem Nova Previdência do Paulo Guedes.  Há que fazer uma nova reforma da previdência num horizonte próximo para fazer os ajustes necessários.  

O ministro Paulo Guedes está enganando os parlamentares e a própria população, com os números maliciosamente manipulados.  Não será a previdência pública que vai quebrar o País.  O número espantoso apresentado para imprensa e a própria população "engolir", R$ 913 bilhões de "cortes", se refere a economia ao longo dos 10 anos.  O buraco é outro.  O verdadeiro problema do País está no estoque da dívida pública federal. 

O estoque da dívida pública federal bruta, hoje, é de R$ 5,5 trilhões. Grosso modo, pagamos de juros da dívida pública, calculado à taxa Selic de 6,5%, por ano, espantoso número de R$ 375 bilhões. Desta forma, o número corresponde a cerca de R$ 3,750 trilhões, se considerarmos os gastos em 10 anos, a mesma adotada na apresentação da "economia" com a reforma da previdência de R$ 900 bilhões.  

Não precisa entender de macroeconomia para constatar que, os juros da dívida pública é que vai quebrar o País, muito antes da previdência pública.  Há que fazer a reforma da previdência, não resta nenhuma dúvida, mas como eu disse numa matéria anterior, a reforma da previdência é "hipossuficiente".  Muito me estranha, o silêncio do ministro da Economia Paulo Guedes, os renomados economistas acadêmicos e articulistas econômicos, o silêncio sobre o endividamento público da União.  

Os sucessivos governos, de esquerda à direita, privilegiam o "pagamento de juros", antes de quaisquer outras prioridades como investimentos em educação, saúde e segurança pública.  Faz me rir, o "contingenciamento" de R$ 7 bilhões na educação, enquanto o País paga R$ 375 bilhões, em juros da dívida pública federal, religiosamente em dia.  Se tornam, também, um deboche o corte de R$ 90 bilhões/ano com a reforma da previdência como solução para "todos os problemas" do País.

Enquanto não houver medidas objetivas e concretas em política econômica e monetária, que levem o Brasil ao rumo do desenvolvimento acelerado e sustentável, o povo brasileiro caminha silenciosamente, igual ao gado dos corredores de frigoríficos que, pelo instinto, sabem que vão virar um belo bife para chineses e americanos. 

Espero que as forças produtivas do País, imponham agenda para o Palácio do Planalto que tire o Brasil do corredor da morte. 

Ossami Sakamori


Um comentário:

Anônimo disse...

A Divida Pública foi "potencializada" pela política de juros abusivos do BC/BIS e o sistema da dívida realmente quebrará o Brasil num futuro próximo! Exijam a Auditoria e salvem o País!