terça-feira, 14 de novembro de 2023

Deus escreve certo por linhas tortas

 

O Presidente Lula tem uma vaga noção sobre a macroeconomia por ter sido Presidente da República por duas vezes e em parceria com Henrique Meirelles, um banqueiro com larga experiência em mercado financeiro global e visão pragmática sobre os princípios macroeconômicos que, em tese, deveriam nortear as finanças públicas.  Meirelles foi presidente internacional do BankBoston, ocupou a presidência do Banco Central do Brasil de 2003 a 2011 durante o Governo Lula e Ministro da Fazenda do Governo Temer entre 2016 e 2018.   Ao menos, o Presidente Lula teve um excelente professor em macroeconomia. 

          O Presidente Lula, quer fazer gastos públicos em 2024 acima do teto, custe o que custar, em investimentos públicos, com o seu PAC, o Plano de Aceleração de Crescimentos, com vistas às eleições municipais.   O desejo dele, a execução do programa de investimentos públicos, que sabidamente causa impacto negativo nas contas públicas, contrariando a equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad.   Na queda de braço entre o comandante e o comandado, já sabemos quem será o vencedor nesta disputa.

             O Brasil, desde a crise econômica e financeira de 2014/2015, no governo da Presidente Dilma, PT/MG, a pior dos últimos 100 anos, não consegue "fechar" as contas públicas no "azul".  Com um "superávit primário" insignificante de R$ 54 bilhões em 2022, no último ano do mandato do Presidente Bolsonaro, as contas públicas não conseguem fechar com o "superávit primário", o que seria desejável e era constante nos anos precedentes ao segundo mandato do governo Dilma.

         Explico: O déficit primário, para leigos entenderem, é o dinheiro que falta para cobrir as contas primárias do Governo federal, incluído educação, saúde e segurança pública e Previdência Social, incluído nelas, também, os gastos com a estrutura do Congresso Nacional e do STF.   O que sobra, se sobrasse, teria denominação de "superávit primário" e seria destinado ao pagamento de juros da dívida do Tesouro Nacional.  Mesmo tendo o "superávit primário", se não conseguir pagar os juros da dívida pública, a denominação da situação se dá como sendo "déficit nominal".  O Brasil, não consegue "zerar" o "déficit nominal" há muitos anos.  

           É dentro desta situação, do "déficit primário" nas contas do Governo federal, que o Presidente Lula, lança o seu PAC, o Plano de Aceleração de Crescimento, com vistas às eleições municipais.   Não está bem claro e nem tem o número preciso de quanto será o "déficit primário", o dinheiro que falta, para cobrir as contas do Governo federal em 2024.  Estima-se, que o "déficit primário" do próximo ano, devido ao PAC do Presidente Lula, seja algo ao entorno de R$ 150 bilhões.   O valor não é tão expressivo se considerar os gastos públicos da esfera federal, se considerar que as despesas totais do Governo previsto no Orçamento Público federal para 2024 é de R$ 2,2 trilhões, "exceto" juros da dívida pública.  Para se ter ideia, o PIB - Produto Interno Bruto de 2023 deve fechar o ano ao redor de R$ 9,9 trilhões.  

           O Brasil já "jogou a toalha" na crise de 2014/2015. O País não consegue pagar "nem ao menos, os juros da dívida do Tesouro Nacional".  Mesmo nesta situação preocupante, o Presidente Lula anuncia o seu PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento, na tentativa de ampliar a sua base eleitoral.   Quem sabe, concretize a profecia popular de que Deus escreve certo pelas linhas tortas e o plano do Presidente Lula produza os efeitos do crescimento econômico do País.   

           Ossami Sakamori


Um comentário:

Golden Star disse...

Obrigado por chamar a atenção para este tópico e compartilhar seus insights valiosos.