O Boletim Focus do Banco Central do Brasil que vai definir a taxa básica de juros Selic, amanhã, dia 6 de dezembro, aponta a inflação do ano de 2021 para 10,18%. E, para 2022, estimativa de 5,02%. A previsão de inflação para 2021 está bem acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional no final do ano passado. E a expectativa do PIB do mesmo Boletim, para 2021, caiu de 4,78% para 4,71%. E a expectativa do PIB para 2022 ficou em 0,51%. Brasil está quase parando, em contraste com os países desenvolvidos que já retomou o crescimento.
A previsão para taxa Selic, segundo o mesmo Boletim, deverá ser fixada em 9,25% para dezembro deste ano e 11,25% para a última reunião do COPOM em 2022. Quanto à taxa Selic da próxima reunião, próxima 4ª feira, com expectativa de inflação acima de dois dígitos (10,18%), no meu entender, os juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional deveria ser um pouco mais ousado, ou seja a uma taxa de 9,75%. Justifica-se: no final do ano tem dinheiro do 13º salário, cerca de R$ 232 bilhões, que irrigará o mercado, aquecendo, momentaneamente, a economia.
O Banco Central, responsável pela política monetária, deveria dar prioridade número ao combate à inflação. Inflação, na presente situação, tem pouco a ver com o rompimento ou não do teto dos gastos públicos, a Emenda 95. O controle da inflação se faz, sobretudo com disponibilidade da moeda, real, no mercado. Quando a política de juros não é suficiente, o Banco Central tem um segundo instrumento, tão importante quanto a taxa Selic, que é o depósito compulsório das instituições financeiras. O princípio é básico: "Quanto menos disponibilidade de moeda circulante, menos consumo. Menos consumo significa, menor inflação". Isto é princípio básico da macroeconomia.
Um outro fator que influencia na inflação é a cotação do dólar. O dólar é moeda utilizada para negociação de qualquer produto ou serviço com o exterior. O agronegócio e mineração dependem da cotação do dólar para exportação de seus produtos. As indústrias dependem do dólar por conta das importações de insumos para seus produtos. Enfim, quase tudo depende da cotação do dólar.
A variação da cotação do dólar depende grande parte da valorização ou depreciação no mercado financeiro internacional. No mercado financeiro nacional, depende do fluxo de entrada e saída do dólar, das importações e exportações e também da balança de conta conta corrente que engloba outros tipos de transações, como as de serviços. Cabe ao Banco Central administrar o fluxo cambial para manter o dólar no patamar de equilíbrio entre entrada e saída do dólar. Há diversos mecanismos que o BACEN utiliza para manter o fluxo cambial, entre eles a intervenção direta, vendendo ou comprando o dólar, engordando ou enxugando a Reserva cambial do País, hoje ao redor de US$ 350 bilhões. No varejo, utiliza-se muito o swap cambial que é um título em reais atrelado à variação cambial. Enfim, mecanismos para intervenção cambial não faltam.
A administração do câmbio por parte do Banco Central é fundamental para manter o fluxo normal de entrada e saída de dólares e também manter a inflação dentro da meta almejada pelo BACEN. O câmbio influencia sobremaneira na formação de preços de produtos de consumo, provocando inflação ou deflação, em conjunto com duas outras intervenções já mencionadas acima, qual seja, a taxa de juros Selic e depósito compulsório das instituições financeiras.
No meu entender, as autoridades monetárias, o BACEN e o Ministério da Economia brincam com o fogo. Inflação de dois dígitos (acima de 10%) deveria ser sinalização importante para execução de uma boa política econômica e monetária. O princípio do Plano Real, a estabilidade da moeda, era o equilíbrio fiscal e o controle da moeda. Não adianta o BACEN, aumentar a taxa básica de juros Selic, se o Ministério da Economia adota política econômica frouxa e expansionista que resulta em inflação alta. Banco Central e Ministério da Economia tem que se entender para que rumo quer conduzir o País. Esta função está longe de ser a do Presidente da República.
As autoridades monetárias, o presidente Campos Neto do Banco Central e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sabem muito bem do que estou a falar. Capacidade e conhecimento eles tem tem de sobra. Faltam aos dois a "mesma sinergia" e o "mesmo objetivo" para conduzir o País. Os investimentos deles estão em dólares nos paraísos fiscais, pouco importando a que rumo vai tomar a nossa moeda, o real. No final das contas, quem paga o pato são, como sempre, o contribuinte e a população que terão que conviver com o "dragão" da inflação.
Ossami Sakamori
Um comentário:
Só falta mandar este "LEMBRETE" para o Presidente do Banco Central e para o Ministro da Economia.
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