quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Plano Real corre o risco

 


Sem uma análise mais profunda e detalhada sobre a perspectiva da inflação e do PIB deste e do ano que vem, apresento o resultado do último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil sobre a inflação e PIB deste e do próximo ano.   Embora as projeções são do mercado financeiro e não do Banco Central, os números servem de balizamento para planejamento das atividades econômicas do setor produtivo.  Seguem as medidas que o Banco Central deverá  ou deveria tomar nos próximos meses para conter a inflação para que a economia do País não se naufrague.

         Conforme o último boletim Focus, a previsão de inflação para 2021 passou de 7,9% para 9,7%.  E o PIB - Produto Interno Bruto caiu de 5,3% para 5,1%, ante o recuo de 4,1% em 2020, ano crítico da pandemia Covid-19.   Para o Índice Nacional de Consumidor Amplo (IPCA), segundo Ministério da Economia, a projeção para a inflação é a mesma do Boletim Focus.   Para 2022, a estimativa de crescimento do PIB caiu de 2,5% para 2,1%.  O que chama a atenção é o índice de inflação que aponta para dois dígitos (acima de 10%), número de alerta os agentes econômicos do País.

           O Banco Central iniciou o ano com a meta de inflação de 3,75% e o teto da meta de 5,25% para o ano de 2021. Como pode ver, o Banco Central "errou feio" na projeção do crescimento do PIB e no índice oficial da inflação.  Para  controlar a inflação o Banco Central tem dois instrumentos importantes eficazes que são: a taxa básica de juros Selic e depósito compulsório das instituições financeiras.   O Banco Central vem atuando adequadamente no estabelecimento da taxa Selic.  No entanto, a Instituição que cuida da política monetária, não lançou mão, adequadamente, da disponibilidade da moeda, leia-se papel moeda, para o mercado produtivo e ao mercado consumidor.   Exceção feita, historicamente, aos recursos do "Pró-Agro" 2021/2022, já disponibilizados para produtores rurais.

           O distanciamento entre os números das projeções do Banco Central do início de ano e a economia real, explica-se pela política macroeconômica "deliberada" do Banco Central de atuar apenas na política de juros, deixando o Ministério da Economia solto para promover a expansão do crédito a micro e pequenas empresas, justificado pela pandemia Covid-19.  O fato é que o Banco Central, em matéria de disponibilidade de moeda, agiu no sentido contrário ao que manda a teoria macroeconômica para conter a inflação.  

          O Banco Central, com sua política econômica "capenga", no momento, procura "segurar" a inflação, tão somente pela taxa básica de juros Selic dos títulos do Tesouro Nacional.  Dentro desta conjuntura, é seguro prever que a próxima taxa Selic deverá ser entre 9,25% a 9,75%.  Lembrando que a boa prática de macroeconomia, o Banco Central deveria promover, também, o aumento dos "depósitos compulsórios" das instituições financeiros, que não o fazendo, corre o risco de voltar a amargar a experiência funesta de hiperinflação do passado não tão distante.

             Com inflação ameaçando alcançar dois dígitos (acima de 10%), o Banco Central deveria tomar medidas restritivas de crédito, que não irão agradar as instituições financeiras e nem tampouco a população.  Falo do "arrocho" do crédito.  Os bancos terão que abrir mão de ganhar tanto dinheiro em tão pouco tempo e procurar enxugar a sua própria máquina.  Isto é uma "lógica cartesiana" (que vem do Descartes), da teoria macroeconômica.  Por outro lado, os grandes conglomerados empresariais deverão deixar de contar com as constantes "benesses" do governo e procurar aprimorar a sua gestão empresarial.  Os deveres são para todos.  

           O assunto que vem tomando noticiário da imprensa e do próprio mercado financeiro, sobretudo nos últimos dias, a "regra de ouro" ou o "teto dos gastos públicos", é apenas pano de fundo para encobrir os verdadeiros problemas do País.  O gargalo para crescimento robusto, é uma complexa legislação tributária, que a própria máquina pública vem consumindo 36% do PIB.  O importante é que Banco Central venha tomar medidas amargas, porém, necessárias, já no início do ano de 2022 ou sepultaremos o Plano Real, para sempre.  

          As maiores economias do mundo, defendem suas moedas com "unhas e dentes".  Elas são assim, por mais esta razão, creio.

           Ossami Sakamori   


Um comentário:

ronaldo mourao disse...

E o povo perdendo o poder de compra. Hoje novo aumento nos preços dos combustíveis. Estável
mesmo somente os 44% cobrado de impostos.