O
IPCA teve deflação de -0,09% em agosto, vindo de +0,33% no mês anterior e
abaixo do consenso de mercado (0,00%). No mês, destaque para as quedas de preço
de alimentos (in natura e carnes) e de
transportes (passagens aéreas e combustíveis), grupos que ainda
reverberam a normalização das cadeias de comércio após a greve. Com isso, o IPCA
acumula alta de 2,9% neste ano e de 4,2% em doze meses (vindo de 4,5% em julho).
Os indicadores de núcleo que mais se aproximam da
tendência da inflação oficial*(IPCA-DP, IPCA-MS e IPCA-MA) estão rodando em
3,3% A/A,mesmo patamar médio dos últimos quinze meses. Este patamar confortável dos núcleos traz algum buffer frente a choques de oferta que
possam acometer a economia doméstica. De acordo com o Banco Central*, as medidas
de coreinflation apresentam repasse da
ordem de 4% em doze meses em resposta à depreciação (permanente) de 10% no câmbio
nominal. Desta maneira, uma depreciação de 20% na moeda doméstica levaria os
núcleos, partindo do nível atual, para perto de 4,1%, ainda aquém da meta
inflacionária de 2019 (4,25%). Vale notar que os núcleos representam medidas
mais persistentes da inflação verdadeira.
Em suma, o quadro inflacionário doméstico permanece
favorável e traz conforto à postura estimulativa do BC.
A deflação em agosto surpreendeu e, além disso, os
núcleos continuam baixos. Projetamos 4,2% para o IPCA deste ano e 4,1% para o
IPCA de 2019, em um contexto de continuidade das reformas econômicas.
Daniel Xavier
Economista chefe do DMI_Group
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