sexta-feira, 7 de setembro de 2018

IPCA: quadro inflacionário continua confortável



O IPCA teve deflação de -0,09% em agosto, vindo de +0,33% no mês anterior e abaixo do consenso de mercado (0,00%). No mês, destaque para as quedas de preço de alimentos (in natura e carnes) e de transportes (passagens aéreas e combustíveis), grupos que ainda reverberam a normalização das cadeias de comércio após a greve. Com isso, o IPCA acumula alta de 2,9% neste ano e de 4,2% em doze meses (vindo de 4,5% em julho).

Os indicadores de núcleo que mais se aproximam da tendência da inflação oficial*(IPCA-DP, IPCA-MS e IPCA-MA) estão rodando em 3,3% A/A,mesmo patamar médio dos últimos quinze meses.  Este patamar confortável dos núcleos traz algum buffer frente a choques de oferta que possam acometer a economia doméstica. De acordo com o Banco Central*, as medidas de coreinflation apresentam repasse da ordem de 4% em doze meses em resposta à depreciação (permanente) de 10% no câmbio nominal. Desta maneira, uma depreciação de 20% na moeda doméstica levaria os núcleos, partindo do nível atual, para perto de 4,1%, ainda aquém da meta inflacionária de 2019 (4,25%). Vale notar que os núcleos representam medidas mais persistentes da inflação verdadeira. 

Em suma, o quadro inflacionário doméstico permanece favorável e traz conforto à postura estimulativa do BC.  

A deflação em agosto surpreendeu e, além disso, os núcleos continuam baixos. Projetamos 4,2% para o IPCA deste ano e 4,1% para o IPCA de 2019, em um contexto de continuidade das reformas econômicas.












Daniel Xavier
Economista chefe do DMI_Group

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