sexta-feira, 21 de setembro de 2018

COPOM: monitorando as expectativas durante a transição de governo



A manutenção da taxa Selic em 6,50% veio em linha com o esperado. Avaliamos que os próximos passos da política monetária dependerão, essencialmente, da agenda reformista do próximo governo. Isto pode desancorar (ou não) as expectativas para a inflação e demais projeções macroeconômicas.

Segundo o Banco Central, a atividade doméstica prossegue em gradual recuperação e a aversão global ao risco está maior. A inflação subjacente (núcleos) se encontra em nível "apropriado"; (era considerado "baixo"; na ocasião de agosto) e, mais importante, as expectativas inflacionárias estão ancoradas até 2021.

O balanço de riscos para o IPCA traz apenas a ociosidade como fator baixista e, por outro lado, a postergação de reformas em contexto de pior cenário externo constituem os fatores altistas.

As projeções oficiais para o IPCA aumentaram. Na simulação com taxas de juros e de câmbio constantes, o IPCA projetado subiu para 4,4% em 2018 (4,2% na reunião de agosto) e para 4,5% em 2019 (4,1% antes). Isto porque o nível do câmbio saltou de R$ 3,75 para R$ 4,15 (+11%). No cenário de mercado, o IPCA projetado passou de 4,2% para 4,1% (2018) e de 3,8% para 4,0% (2019), uma vez que a trajetória esperada para o BRL pouco se alterou no FOCUS. Cabe lembrar que as metas centrais para o IPCA são 4,5% (2018) e 4,25% (2019).

Ainda que as projeções oficiais tenham aumentado, que a inércia baixista tenha refluído e o nível dos núcleos seja "apropriado", o Comitê reiterou que a conjuntura prescreve política monetária estimulativa (juros abaixo do nível neutro). Este diagnóstico, em nossa visão, advém principalmente do binômio expectativas ancoradas / atividade fraca, que também esteve presente nas últimas reuniões. 

Porém, a postura do BC pode mudar caso o cenário prospectivo para a inflação e/ou seu balanço de riscos piore. Isto, ao nosso ver, dependerá essencialmente do andamento das reformas econômicas a partir de 2019. Este aspecto, por sua vez, deve ficar mais claro na próxima reunião (30/31 de outubro), após o segundo turno eleitoral.









Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_Group
www.dmigroup.com.br
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