Crédito da imagem: BC
Pela sexta reunião consecutiva, o COPOM manteve a taxa Selic em 6,50% ao ano em decisão unânime. Na visão do Comitê, o quadro doméstico é de recuperação gradual da atividade, núcleos de inflação em patamar “apropriado ou confortável” e expectativas inflacionárias ancoradas. E o panorama externo continua desafiador, refletindo a normalização dos juros nos países desenvolvidos, incertezas em torno do comércio mundial e o aumento da aversão ao risco.
As projeções oficiais para o IPCA diminuíram apesar do Real depreciado e do menor aumento de Selic, embutidos nas simulações. Isto por causa da deflação de importantes preços administrados neste final de ano (energia elétrica e combustíveis), bem como seu efeito inercial (benéfico) no IPCA total. No cenário de mercado, o IPCA é projetado agora em 3,7% (2018), 3,9% (2019) e 3,6% (2020). Em outubro, as projeções eram 4,4%, 4,2% e 3,7%, nesta ordem. No cenário de referência, os números atuais são 3,7% (2018), 4,0% (2019) e 4,0% (2020) contra 4,4%, 4,2% e 4,1% projetados na última reunião.
O balanço de riscos da autoridade monetária, cuja assimetria já havia diminuído em outubro, tornou a pender para o lado mais favorável. Para o COPOM, aumentou o risco de a ociosidade econômica impactar (para baixo) as projeções de inflação e, ao mesmo tempo, diminuiu o risco (altista) de frustração com a agenda de reformas podendo desvalorizar os ativos domésticos. Por outro lado, o quadro externo segue avesso aos emergentes (a intensidade deste risco não mudou).
Como conclusão, o Comitê repetiu que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa (taxa de juros abaixo do equilíbrio) e não mais aponta a possibilidade de remoção deste estímulo no horizonte relevante. Isto em decorrência do balanço de riscos mais favorável, conforme citado acima. Desta maneira, avaliamos que a taxa Selic será mantida em 6,50% ao ano até o quarto trimestre de 2019, pelo menos. Concordamos com a leitura oficial de que a ociosidade econômica segue elevada e o quadro inflacionário é particularmente benigno (seja nos núcleos ou nos headlines). Em adição, com a credibilidade do Banco Central intacta após o processo eleitoral, as expectativas continuarão firmemente ancoradas, à espera do próximo choque.
Neste sentido, o adequado encaminhamento das reformas será crucial para manter reprimidos os prêmios de risco, colaborando também para manter a política monetária estimulativa. No longo prazo, a agenda de reformas pode assegurar igualmente a redução da taxa estrutural de juros da economia e a sustentabilidade do crescimento. Neste quadro de inflação e juros baixos, maior confiança na economia e implementação da agenda reformista, avaliamos que os preços de ativos mais arriscados ou menos líquidos devem se valorizar de maneira mais rápida que os demais.
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Daniel Xavier, economista-chefe @DMI_Group
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