quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Somos os "novos ricos"

 

Está terminando o ano de 2023 e vai consolidando o resultado da economia do País, no primeiro ano do terceiro mandato do Presidente Lula. Havia muita expectativa sobre o resultado da economia do País com a nova equipe econômica, porém, está chegando ao final do ano com números acima da catástrofe prevista por muitos analistas econômicos e políticos.  De princípio, podemos dizer que os números são bons, diante da turbulência econômica e política ao redor do mundo.  

           Segundo dados prévios disponíveis, o PIB deve fechar o ano com o crescimento de 3% e a inflação no mês de setembro relativo ao IPCA acumulada nos últimos 12 meses, foi de 5,19%.  Comparando os números com os da economia dos 7 maiores economias do mundo global, os números do Brasil figura no mesmo patamar.  

           Porém, as contas do Governo federal, continuam negativas, com o déficit primário previsto entre  R$ 130 bilhões a R$ 175 bilhões, dependendo do ministro Haddad, conseguir ou não abocanhar os créditos tributários pendentes de medidas do Governo.   O ministro da Fazenda faz de tudo para que as contas de 2024, termine com o déficit primário "zero".   O salário mínimo para o ano de 2024, já definido será de R$ 1.412, cujo decreto deverá ser publicado no dia 2 de janeiro. 

          Aproveito desta oportunidade para esclarecer os pontos principais da macroeconomia, pelos quais estarei tratando com vocês, quase que diariamente.  Primeiro, sobre a nomenclatura utilizada na macroeconomia, onde invariavelmente, tratamos dos termos:  a) política fiscal; b) política monetária e c) política econômica.

            Quando o próprio ministro da Fazenda, "inventa" as novas denominações, um tanto estranho para o mercado financeiro, sobretudo para os investidores institucionais, os analistas econômicos e financeiros, como o "arcabouço fiscal" para dizer o mesmo que a "política fiscal".  O mercado financeiro levou seis meses para entender o que o Fernando Haddad, ministro da Fazenda, estava querendo manifestar.   Justifica-se, estudou economia por 6 meses, segundo ele próprio.

           A "política fiscal" se refere às contas do Governo federal, contemplando as receitas de impostos, contribuições e as despesas.  Quando as receitas superam as despesas, sem contar com o pagamento de serviços da dívida pública, denominamos de "superávit fiscal" e quando o contrário, de faltar dinheiro para cobrir as despesas primárias, se denomina "déficit primário" ou simplesmente, "rombo fiscal".   Neste ano, 2023, as contas do Governo federal, exceto serviços da dívida pública, vai terminar com o "déficit primário" de R$ 130 bilhões a R$ 175 bilhões.  

          A "política monetária" é o que o Banco Central do Brasil executa, através de instrumentos próprios, para regular a liquidez do mercado.  Entre as medidas, tem os "depósitos compulsórios" das instituições financeiras, emissão da moeda papel, em desuso nos dias de hoje e capitação de recursos do mercado, com a taxa básica de juros Selic.  Mas, o principal instrumento do Banco Central para "segurar" a inflação, é com a emissão de títulos do Tesouro Nacional.  A "política monetária" tem como objetivo, preservar o "valor da moeda" ou em outras palavras, manter a inflação sob controle.  

          No entanto, o principal instrumento para o Governo federal deveria ser a "política econômica", esquecida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad e tão pouco pela ministra do Planejamento Simone Tebet.   A "política econômica", envolveria não só a política fiscal do Governo federal, mas sobretudo, concedendo estímulos ao setor produtivo do País.  Dentro da política econômica, faz parte o "Plano Safra", cujo financiamento ao setor agropecuária somou em R$ 363 bilhões em 2023.  O Plano Safra engloba também a agricultura familiar, cujo atendimento em 2023, foi de R$ 71,6 bilhões. 

            A "política econômica" deveria envolver o setor produtivo industrial, comercial, agropecuário e de serviços, modernizando-os e tornando competitivos perante o mercado global de commodities, de produtos industriais e de serviços.  Abandonadas pelo Governo federal, as melhores empresas de cada setor vai "tirando o time" do Brasil, atrás de incentivos e estímulos nos países do Primeiro Mundo.   Há uma debandada de empresas e mão de obra, qualificadas, no País.   Brasil é celeiro de homens e mulheres qualificados.  Só Governo, de esquerda à direita, não enxergam isto.  

      Pela ausência de uma "politica econômica" bem delineada e com o objetivo de fazer o País ser um "player importante" no comércio e serviço mundial, saindo do mero exportador de commodities, como vem sendo desde o século passado.   O Brasil se orgulha de ser um dos principais fornecedores de produtos primários, como as agrícolas e de minério de ferro, "in natura" e esbanja em importar produtos de alta tecnologia do Primeiro mundo.   

            Sem uma "política econômica" que oriente os investidores produtivos, somos os campeões em investidores especulativos atrás da taxa Selic, a mais alta do mundo.   Somos péssimos na "política fiscal", bons na "política monetária", mas péssimos na "política econômica".  A ausência de uma "política econômica", os "compadres" do poder vão sendo beneficiados.  Em geral, nos portamos como os "novos ricos", que produzimos no campo e esbanjamos em Nova York.  Qualquer semelhança com a nossa Primeira Dama é mera coincidência! 

               Ossami Sakamori

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela aula amigo Sakamori, era o que eu estava precisando para encerrar o ano e ao contrário de nosso ministro , entender exatamente os termos da Macroeconômia . Abração 🤝🤝🤝