terça-feira, 29 de março de 2022

O "day aftaer" da guerra Ucrânia x Rússia

 


Está próximo o desfecho da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.  Isto, a guerra, não vai durar para sempre.  Nem a Ucrânia e nem a Rússia tem fôlego para continuar financiando os gastos decorrentes da guerra, que não se medem em US$ milhões, mas sim em US$ bilhões, provavelmente em algumas dezenas de US$ bilhões.  Ambos países estão chegando em exaustão devido a perdas de vidas humanas e de infraestruturas na Ucrânia.  Com Ucrânia destruída, a Rússia, fatalmente terá que financiar a reposição da infraestrutura do país invadido.  Quanto mais demora a solução final, mais investimentos serão necessários, que serão pagos pelo povo russo e ucranianos.  Enquanto isto, os Estados Unidos e países da União Europeia assistem o desenrolar do conflito sabedores da ajuda econômica e financeira para soerguimento da Ucrânia, sob forma de empréstimos.

           Com o fim do conflito Ucrânia x Rússia, o mundo global vai pagar a conta, sobretudo aquela proveniente do bloqueio da compensação financeira internacional do SWIFT aos bancos estatais e à iniciativa privada russos, representados pelos "oligarcas" russos.  A consequência do bloqueio da compensação financeira é o aumento do preço dos commodities, sobretudo do petróleo, gás, trigo e insumos para produção agrícola.   O petróleo que, antes da guerra Ucrânia x Rússia, vinha experimentando preços de barril, bastante depreciados, algo como US$ 60 cada barril, do tipo Brent, bateu o pico ao redor de US$ 130 cada barril e está a ser negociado ao redor de US$ 100 cada barril após o término da guerra.  Enfim, os Estados Unidos, a Venezuela e os árabes do golfo Pérsico, encontrarão patamares de preço médio jamais visto.  

          Com a guerra Ucrânia x Rússia, os Estados Unidos conseguiram viabilizar o seu gás de xisto, que tem um custo elevado, ao redor de US$ 40 cada barril equivalente.  E de quebra, os Estados Unidos conseguiram exportar a inflação interna, ao nível de 7% ao ano, para o mundo global.   O Brasil, dentro deste contexto, saiu-se vencedor, viabilizando o petróleo do "pré-sal", cujo custo de exploração, segundo a Petrobras está em torno de US$ 40.  Por outro lado, o País saiu perdedor com a importação de inflação global ao redor de 7%, a dos Estados Unidos.  

           O Brasil, hoje, auto suficiente em petróleo, produzindo cerca de 3,3 milhões de barris diário de petróleo, não pode repassar os benefícios ao povo brasileiro, tendo em conta que o nosso petróleo é do tipo pesado e as refinarias existentes no País, só processa o petróleo leve.  Desta forma, o lucro da Petrobras acaba finando para os acionistas, porque a Companhia é de economia mista, com ações negociadas na Bolsa de Valores (B3).  Além da alta do petróleo, o País importa a inflação global, sobretudo em insumos agrícolas. 

        Resumindo, a guerra Ucrânia x Rússia, trouxe benefícios para os Estados Unidos, que anulam a sua inflação interna e de quebra fornecem armamentos para os membros da OTAN, onde eles são sócios com participação significativa.   Como sempre acontece, além dos ucranianos, o restante do mundo também perde com a alta do petróleo e com a inflação global.  Quem saiu ganhando expressivamente são os árabes e Nicolas Maduro com uma das maiores reservas de petróleo do mundo.  

           E, assim caminha o mundo global, beneficiando, sempre, as maiores potências econômicas do mundo, os Estados Unidos.   O Brasil, como qualquer outro país emergente, vai pagar caro pela guerra Ucrânia x Rússia, além dos próprios.  

               Ossami Sakamori

Um comentário:

Oledir Silva disse...

A guerra nunca foi solução, mas um retrocesso, injustiça e crueldade aos seres humanos!