Está próximo o desfecho da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Isto, a guerra, não vai durar para sempre. Nem a Ucrânia e nem a Rússia tem fôlego para continuar financiando os gastos decorrentes da guerra, que não se medem em US$ milhões, mas sim em US$ bilhões, provavelmente em algumas dezenas de US$ bilhões. Ambos países estão chegando em exaustão devido a perdas de vidas humanas e de infraestruturas na Ucrânia. Com Ucrânia destruída, a Rússia, fatalmente terá que financiar a reposição da infraestrutura do país invadido. Quanto mais demora a solução final, mais investimentos serão necessários, que serão pagos pelo povo russo e ucranianos. Enquanto isto, os Estados Unidos e países da União Europeia assistem o desenrolar do conflito sabedores da ajuda econômica e financeira para soerguimento da Ucrânia, sob forma de empréstimos.
Com o fim do conflito Ucrânia x Rússia, o mundo global vai pagar a conta, sobretudo aquela proveniente do bloqueio da compensação financeira internacional do SWIFT aos bancos estatais e à iniciativa privada russos, representados pelos "oligarcas" russos. A consequência do bloqueio da compensação financeira é o aumento do preço dos commodities, sobretudo do petróleo, gás, trigo e insumos para produção agrícola. O petróleo que, antes da guerra Ucrânia x Rússia, vinha experimentando preços de barril, bastante depreciados, algo como US$ 60 cada barril, do tipo Brent, bateu o pico ao redor de US$ 130 cada barril e está a ser negociado ao redor de US$ 100 cada barril após o término da guerra. Enfim, os Estados Unidos, a Venezuela e os árabes do golfo Pérsico, encontrarão patamares de preço médio jamais visto.
Com a guerra Ucrânia x Rússia, os Estados Unidos conseguiram viabilizar o seu gás de xisto, que tem um custo elevado, ao redor de US$ 40 cada barril equivalente. E de quebra, os Estados Unidos conseguiram exportar a inflação interna, ao nível de 7% ao ano, para o mundo global. O Brasil, dentro deste contexto, saiu-se vencedor, viabilizando o petróleo do "pré-sal", cujo custo de exploração, segundo a Petrobras está em torno de US$ 40. Por outro lado, o País saiu perdedor com a importação de inflação global ao redor de 7%, a dos Estados Unidos.
O Brasil, hoje, auto suficiente em petróleo, produzindo cerca de 3,3 milhões de barris diário de petróleo, não pode repassar os benefícios ao povo brasileiro, tendo em conta que o nosso petróleo é do tipo pesado e as refinarias existentes no País, só processa o petróleo leve. Desta forma, o lucro da Petrobras acaba finando para os acionistas, porque a Companhia é de economia mista, com ações negociadas na Bolsa de Valores (B3). Além da alta do petróleo, o País importa a inflação global, sobretudo em insumos agrícolas.
Resumindo, a guerra Ucrânia x Rússia, trouxe benefícios para os Estados Unidos, que anulam a sua inflação interna e de quebra fornecem armamentos para os membros da OTAN, onde eles são sócios com participação significativa. Como sempre acontece, além dos ucranianos, o restante do mundo também perde com a alta do petróleo e com a inflação global. Quem saiu ganhando expressivamente são os árabes e Nicolas Maduro com uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
E, assim caminha o mundo global, beneficiando, sempre, as maiores potências econômicas do mundo, os Estados Unidos. O Brasil, como qualquer outro país emergente, vai pagar caro pela guerra Ucrânia x Rússia, além dos próprios.
Ossami Sakamori
Um comentário:
A guerra nunca foi solução, mas um retrocesso, injustiça e crueldade aos seres humanos!
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