Segundo o Boletim Focus do Banco Central, após consulta feita aos analistas financeiros, pela 27ª semana consecutiva, revisaram suas projeções para IPCA - Índice de Preços ao Consumidor do IBGE, índice de inflação oficial, na data de ontem, dia 11, a inflação oficial deve encerrar o ano de 2021 em 8,59%, bem acima da meta do Banco Central de 3,75%. O índice para 2022 também foi puxado para cima pela 12ª semana consecutiva. A estimativa do relatório é que o IPCA encerre o próximo ano em 4,17%.
As altas já eram esperadas após a divulgação do IPCA de setembro, que acelerou 1,16% no mês, acumulando alta de 10,25% em doze meses. Essa foi a primeira vez que a inflação atingiu dois dígitos desde 2016 e a maior para o mês desde 2016 e a maior para o mês desde 1994. O que me preocupa é que a projeção do IPCA para 2021 está longe da meta de inflação do Banco Central de 3,75%.
As causas para aceleração da inflação são diversas, vão desde aumento do preço do petróleo no mercado mundial, bem como o aumento do preço de commodities no mercado internacional. Segue a tabela de alta dos preços no varejo nos últimos 12 meses.
O consolo para os brasileiros é que a inflação tomou conta do mundo global, relativizando o problema interno do País. Segue gráfico de inflação na porta de fábrica na Europa no período que abrange a pandemia Covid-19. Isto não pode ser suporte para desculpas do descontrole da economia no Brasil.
A responsabilidade da política monetária é do Banco Central, em qualquer país do mundo. Campos Neto, presidente do Banco Central, vem administrando a política econômica com competência, moderadamente. O aumento gradual da taxa Selic é uma política adequada para inflação em alta, mas, no meu entender, insuficiente. Como já manifestei na matéria deste blog,
Entenda taxa Selic, o Banco Central tem outro instrumento eficaz para combater a inflação que é o "depósito compulsório" das instituições financeiras sobre aplicações diversas. No entanto, não vejo atuação do Banco Central neste quesito importante para combate à inflação.
Não, não é uma tarefa fácil, executar política monetária que vise o crescimento econômico e ao mesmo tempo controlar a inflação. Ainda, há tarefa do Banco Central de manter o dólar atrativo, isto é, dólar valorizado ou o real desvalorizado, para manter competitivo as exportações de produtos primários como minérios e grãos. No entanto, apesar da dificuldade, no meu entender, o Banco Central, deveria atuar mais fortemente para manter o "Plano Real", sob pena de perder o controle sobre a nossa moeda.
Em tempo: A diretora de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nessa segunda-feira, dia 11, que a autoridade monetária fará “o que puder” para levar a inflação para a meta em 2022. A declaração ocorreu durante evento virtual realizado pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais).
No entanto, o nível de inflação no País está no limite crítico. Inflação de dois dígitos é inaceitável para qualquer moeda. Se não houver controle pelos mecanismos mencionados neste blog, o Brasil poderá entrar num círculo vicioso conhecido como "estagflação" que é somatória de estagnação e inflação. Esta situação é visível nos países como Venezuela e Argentina. É urgente fazer a "correção" necessária e o Campos Neto, presidente do Banco Central, sabe muito bem disto. Porque não a faz, é uma incógnita.
Por outro lado, é visível a ausência do Ministério da Economia na discussão sobre o tema, apesar de ser a mais grave desde criação do Plano Real. A discussão sobre o controle da inflação, parece estar passando, também, ao largo do Palácio do Planalto. Estabilidade da moeda nacional, no nosso caso o "real", que é fundamental para a estabilidade política de um país, que digam os ingleses e os norte americanos.
Ossami Sakamori
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