domingo, 14 de abril de 2019

O buraco do Brasil está mais para baixo!

Crédito da imagem: Estadão

O que vou dizer aqui, não vai agradar nem um pouco aos apoiadores do presidente Bolsonaro, sobretudo os militantes que se dizem ser da extrema direita.  Mas, a matéria servirá para reflexão do próprio presidente da República, que comemorou 100 dias do governo no último dia 10. Esta matéria serve para orientar os empresários pequenos, médios e grandes.   Uma coisa é "querer que o Brasil dê certo" e outra coisa é "fazer com que o País caminhe para o crescimento sustentável". Há 4 anos que o País está como caranguejo, andando de lado ou senão andando para trás. Não vamos repetir os mesmos erros do passado!

Feito o preâmbulo, vamos aos fatos.  Apesar de boas intenções do presidente Bolsonaro e do ministro da Economia Paulo Guedes, o pregado ideário da economia liberal está longe de se tornar realidade.  A principal bandeira do presidente para o início do governo, a reforma da previdência, na melhor das hipóteses, será aprovada somente no mês de agosto, segundo previsão dos parlamentares realistas do Congresso Nacional.  Vamos lembrar que a reforma da previdência necessita de maioria absoluta na Câmara dos Deputados, 308 votos, e 54 votos do Senado Federal.  

Na minha modesta opinião, o presidente da República vem perdendo muito tempo em defesa da ideologia da direita. Isto foi feito na campanha eleitoral contra o PT e ideologia da esquerda.  Enfim, as eleições terminaram no dia 20 de outubro do ano passado e o governo terá que ser mais "pró-ativo". Faça-se a limpa na estrutura do governo, os que ainda defendem as ideias que predominavam até 31 de dezembro. Mas esta discussão sobre ideologia não pode perdurar para sempre.  O Brasil está estagnado há 4 anos.  O Brasil precisa de ações pragmáticas para sair da depressão, a pior dos últimos 100 anos.   

A realidade brasileira está a merecer uma atitude "proativa" do presidente da República.  O índice de desemprego está a ameaçar o socesso social.  São 13 milhões de trabalhadores desempregados e cerca de 4,7 milhões de trabalhadores desalentados (desempregados que não vão à procura de empregos). Somado a este contingente, tem os, grosso modo, 15 milhões de trabalhadores do sub-emprego. Somado tudo, dá mais de 32 milhões de trabalhadores desempregados e em condições precárias de rendimentos.  

O número acima, 32 milhões, comparado com os trabalhadores com carteira assinada, 33 milhões, mostra que a situação social do País é alarmante.  A grande imprensa e o governo, por conveniência, citam apenas os 13 milhões como o número de trabalhadores desempregados, o que na prática não representa a verdadeira condição social.  Como já dizia o embaixador Rubens Recupero: "O que é bom a gente mostra, o que é ruim, a gente esconde". A estatística é uma, a realidade é outra. 

Ao lado do número de desempregados, o que preocupa é o índice de inadimplentes no comércio, que está ao redor de 62 milhões de pessoas, segundo SPC ou Serasa.  Isto mostra que a retomada do crescimento econômico é dificultado pela falta de consumo, que ao longos dos últimos anos esteve baseado em créditos bancários e créditos em cartões.  O número, 62 milhões, é expressivo se considerar que o número da força de trabalho é de apenas 108 milhões. O número corresponde, também, a 40% da população adulta que quer dizer que 4 em cada 10 adultos estão com o "nome sujo" no comércio e no sistema financeiro. 

Se por um lado, o ministro da Economia Paulo Guedes reclama do enorme déficit primário, que é atribuído à previdência social, por outro lado o Tesouro Nacional paga os juros reais próximo de 2,5%, baseado na taxa Selic de 6,5% e inflação de 4%. Nesta conta, o déficit nominal, nunca é citado pelo governo e pelos analistas econômicos, vai a estonteante R$ 175 bilhões por ano.  O valor é muito maior que os gastos em educação, saúde e segurança pública, individualmente. Sim, esse dinheirama toda vai para bolso dos investidores especulativos que financiam a dívida pública brasileira.  Não será a "autonomia do Banco Central" que resolverá a situação do País. Os juros, embora balizados pelo Banco Central, é de responsabilidade integral do Tesouro Nacional.  Falando em juros altos, a dívida pública federal bruta beira R$ 5,5 trilhões e a dívida pública líquida está ao redor de R$ 3,9 trilhões.  Brasil, com certeza está a caminhar celeremente para o mesmo da Grécia e da Turquia. 

Na situação descrita acima, só resta um caminho para o Brasil: crescer acima da média mundial de 3,5% ao ano, para em algum tempo, recuperar o tempo perdido nestes últimos 4 anos de estagnação. O preocupante é que o Brasil caminha, mesmo com o novo governo, o do presidente Bolsonaro, a um crescimento pífio para 2019. O Boletim Focus do Banco Central rebaixou a expectativa de crescimento do País para menos de 2% em 2019.  Não será a "autonomia do Banco Central" que trará solução para a dívida pública federal. A dívida pública não é do Banco Central, salvo alguns trocados, é do Tesouro Nacional. 

Desta forma a configuração da economia liberal do ministro Paulo Guedes está longe de ser implementada.  A reforma da previdência, a reforma tributária e um novo pacto federativo é a receita do novo ministro da Economia. O ano de 2019, na melhor das hipóteses, está destinada apenas nas reformas prometidas pelo ministro Paulo Gudes.  Esperamos que o episódio de um "novo tabelamento" de preço do diesel seja apenas um "arroubo" do presidente Bolsonaro. O último episódio coloca em "cheque" a teoria liberal da Escola de Chicago que o Paulo Guedes quer para o País.

O buraco do Brasil está mais para baixo!

Ossami Sakamori



2 comentários:

Anônimo disse...

"A Esperança é a última que morre", mas neste caso já morreu faz tempo! Com uma classe política que mais fala e não faz nada! Um povo totalmente idiotizado culturalmente! Uma máquina pública fascista e vagabunda! Uma dívida impagável porque é o desejo dos Bancos Abutres Mundiais! O Brasil está ladeira abaixo como os prédios, pagos e habitados, construídos por milícias no Muzema! Brasil 2019 é um país fracassado e condenado a ser subdesenvolvido subserviente por longos anos!!

Daniel Camilo disse...

Para mim não existe militares de extrema direita. Mem esquerda. No Brasil, atualmente, existe um povo que quer a prosperidade caminhando com a honestidade, e uma parte dos políticos, empresários, magistrados e a elite mundial(que usa a Imprensa)e a própria Imprensa(que faz a cabeça do povo) para implantarem o caos no Brasil e voltarmos a ter governantes que distribuem nossa riqueza para governos não Democráticos. Eu sou e torço para que sejamos brasileiros(as) patriotas.
O Governo Bolsonaro está fazendo o que pode porque é impossível governar com as Instituições infestadas por pessoas ligadas ideologicamente por um Partido que destruiu o Brasil, economicamente falando. Vamos dar tempo ao tempo. Ainda está cedo para julgarmos.
Ou apoiamos esse governo ou virão os Militares, que acho ruim, pois militares são ótimos para APOIAR governos e não SER governo.