domingo, 28 de abril de 2019

Brasil. O lobo cuidando do galinheiro.



Que a reforma da previdência, em discussão na Câmara dos Deputados, é necessária para tentar equilibrar as contas públicas, isto ninguém duvida.  No ano passado, o déficit da previdência foi de R$ 288 bilhões. O rombo do Orçamento federal devido a previdência neste ano, 2019, está previsto em R$ 309 bilhões. A reforma proposta pelo ministro da Economia Paulo Guedes é de R$ 1,2 trilhão em 10 anos, ou  R$ 120 bilhões de economia nos gastos a cada ano, se o projeto do governo for aprovado "sem desidratação". 

Vamos fazer a conta.  Se rombo da previdência prevista para o ano de 2019 está em R$ 309 bilhões e o valor da economia estimado pela reforma é de R$ 120 bilhões, significa que mesmo após a aprovação da reforma da previdência na forma como foi proposto pelo ministro da Economia Paulo Guedes, "sem desidratação", a previdência social no Brasil continuará com o "rombo" anual de cerca de R$ 189 bilhões em número de 2019.   

A economia de R$ 1,2 trilhões em 10 anos, do plano original do Paulo Guedes, está sendo admitido pelo presidente Jair Bolsonaro, como sendo negociável. Embora tenha afirmado na sua última fala, o presidente da República já declarou admitir o número final em R$ 800 bilhões ou R$ 80 bilhões ao ano. Tomando como base o "rombo" previsto para 2019, o "rombo" da previdência continuará em R$ 229 bilhões, ao invés de R$ 189 bilhões, se aprovado na forma original.

O rombo da previdência, sem dúvida, é um item de gasto importante do governo federal. Só para se ter ideia do tamanho do rombo, R$ 229 bilhões, o número é muito acima do total de gastos previstos em educação em 2019 que será de R$ 122 bilhões ou em saúde pública em R$ 129,8 bilhões. 

Ainda assim, o déficit da previdência, antes ou depois da reforma, continuará no segundo lugar em itens de gastos públicos.  O Brasil com divida pública federal bruta em R$ 5,5 trilhões brutos ou R$ 4 trilhões líquidos, os gastos com juros líquidos ascende a R$ 350 bilhões ao ano, em número de 2019.  Em comparação, o rombo da previdência, mesmo após a aprovação da reforma continuará consumindo R$ 189 bilhões, "sem desidratação".  Assim sendo, o "rombo" da previdência continuará o sendo o segundo gasto mais importante do governo da União. Está longe de ser o gasto mais importante do governo federal. 

Ninguém quer discutir sobre o principal "rombo fiscal" do Brasil, que se refere ao pagamento de juros da dívida pública.  O pagamento de juros da dívida pública, apesar de ser o maior gasto do governo federal, não entra na pauta.  A corda sempre arrebenta do lado dos mais fracos, no caso, os aposentados e pensionistas.  Os agiotas ou rentistas nacionais e internacionais mereceram e merecerão melhor atenção de sucessivos governos, de esquerda à direita.  O pagamento de juros da dívida do País será sempre intocável para os administradores públicos e para os renomados articulistas econômicos. 

Como em qualquer parte do mundo, no Brasil não é diferente, os administradores dos rentistas ocupam posições chaves na área econômica do governo federal. Configura-se  desta forma, aquela velho ditado: "o lobo cuidando do galinheiro". 

Ossami Sakamori

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4 comentários:

Magalhães disse...

Lobos tomando conta do redi
Raposas tomando conta dos galinheiros
Gambás tomando conta dos ovos.
União, Estados e 5570 Municípios
O mal da Holanda
As turmas da chupeta
Somos gado nas fazendas de gente..!
Sou mais o capitalismo amarelo..!
O que fazer sensei?

Magalhães disse...

Lobos tomando conta do redil..!

carlosjsb_b disse...

Bom dia meu caro amigo Saka! Parabéns pela sua exposição referente a reforma da Previdência, pois ficou tão precisa que dispensa qualquer complemento. O título já diz tudo! Forte abraço

Arno Edgar Kaplan disse...

Oi, Saka ! Indisponho de Whats. Até outra oportunidade. Um abraço !