Os que pouco convivem com o mercado financeiro, sobretudo o mercado financeiro global, devem estar estranhando que ontem na esteira do anúncio do rebaixamento da classificação do risco do Brasil pela Standard Poor´s, o índice Bovespa reagiu positivamente.
Explico. O anúncio da perspectiva de rebaixamento já fora anunciado pela agência de classificação, já no final do ano passado. O anúncio de segunda-feira, nada mais foi do que a confirmação da perspectiva anunciada. O mercado financeiro já tinha absorvido o rebaixamento. Tanto assim que o acumulado da perda do ano é de 6,7%.
Outro fator, que deixou o mercado financeiro nacional e global é o anúncio da mesma agência a S & P, de que a perspectiva para o restante do ano é de estável. Portanto, não há perspectiva de mais um rebaixamento no decurso deste ano, para a agência.
Quero explicar aos meus leitores, a comemoração do governo brasileiro. A comemoração da manutenção do Brasil no grau de investimento, no meu entender, me parece um prêmio de consolação. Senão vejamos, como funciona a classificação de risco.
A agência de classificação de risco Standard & Poor´s, tem na sua graduação de classificação, na seguinte ordem:
A+
A
A-
AA+
01. AA
02. AA-
03. AAA+
04. AAA
05. AAA-
06. B+
07. B
08. B-
09. BB+
10. BB
11. BB-
12. BBB+
13. BBB
14. BBB-
15. C+
16. C
17. C-
18. CC+
...
A agência Standard & Poor´s, no seu critério de avaliação, considera que para merecer recomendação de investimento terá que estar classificado no mínimo na posição BBB- numa escala colocada acima, num total de 14 posições.
Para se ter ideia, o título do Tesouro americano, tem nota A, isto é perdeu uma posição por conta da briga do Obama com o Congresso americano. O critério é certo e é rigoroso. Lembrando que o que está em análise é titulo de Tesouro de cada país.
A mesma agência de classificação de risco, a S & P, no dia de ontem, anunciou também, a classificação de risco do título da República Bolivariana de Venezuela para B+, isto é 8 posições acima do risco Brasil. A Venezuela tem a seu favor, a vasta reserva de petróleo que garante a liquidez dos seus títulos.
Posto isto, meus caros leitores, não é piada o mercado ficar comemorando a nota de risco dos títulos do governo brasileiro? Não chega a ser uma piada a presidente Dilma ficar comemorando o "não rebaixamento" do grau de investimentos?
Estamos na frente da Argentina que está com classificação CCC+, mas estamos atrás da Venezuela que tem classificação B+. E os irmãos tequila, os mexicanos estão com nota BBB+, isto é 2 posições na frente do Brasil. Lembrando que estamos a falar de títulos do Tesouro de cada país.
Os chilenos, os mais sérios do continente, tem o título do seu Tesouro classificado como AA- , isto é, 12 posições na frente do Brasil, quase encostando aos EEUU. Aplauso aos chilenos!
A história é mais ou menos assim. O Brasil está na corrida de São Silvestre, por exemplo. A organização da maratona anuncia a quatro cantos que só ganha o "título de louvor" quem chegar até 14ª colocação. A Dilma, o Mantega, o Tombini, fizeram de tudo para poder manter o Brasil na 14ª posição. Hurra! Perdemos uma posição, mas mantemos dentro dos corredores a ganhar o título de louvor. Suamos, mas ganhamos! Ganhamos a 14ª posição!
É! Para o Brasil chegar no nível de credibilidade, em títulos do Tesouro, como o da Chile, vai demorar muito ainda. Há que fazer muitas lições de casa! É mais ou menos como aquela classificação falsa de 3º maior crescimento do mundo. Era falso, o Brasil ocupa 115ª colocação em termo de crescimento global.
E assim, a Dilma vai enganando a população!
Ossami Sakamori
@SakaSakamori
Um comentário:
Caro Sakamori, suas aulas de Economia são tão claras que me espanta o fato de que, os entendidos lá de cima, ainda acreditam que o País vai bem!
Até quando?
Postar um comentário