Ontem, o Comitê de Política Monetária decidiu rebaixar a taxa básica de juros Selic para 6% ao ano, conforme antecipamos na terça-feira, neste blog. Também, ontem, a Federal Reserve, o Banco Central americano, rebaixou os juros dos Títulos do Tesouro americano para intervalo de 2,25% a 2,5%. Igualmente ao Federal Reserve que prevê novos cortes de juros nos próximos meses, o Banco Central do Brasil prevê terminar o ano com taxa básica de juros ao nível de 5,5%.
Como foi dito na matéria de ontem, o rebaixamento da taxa de Selic pelo Banco Central para 6% não tem muito a comemorar. Ainda assim, o Tesouro Nacional que são emissores do título, paga juros reais exorbitantes ao redor de 2% ao ano, já que a inflação corrente registra no entorno de 4% ao ano. Vamos apenas lembar que os juros reais corresponde ao "aumento real" de 2% sobre estoque da dívida pública federal, que soma ao redor de R$ 5,5 trilhões.
Feito a conta, apesar do corte dos juros, a dívida pública brasileira cresce em média, com a nova taxa Selic, R$ 330 bilhões todos anos. Vamos lembrar ainda que a taxa de juros dos títulos do Tesouro americano, em termos reais, são negativos (-), isto é, abaixo da inflação, portanto é inapropriado a comparação da taxa básica de juros dos títulos do Tesouro americano. Não é o que ocorre com a taxa de juros pagos pelo Tesouro Nacional, apesar do corte. O esto que da dívida pública brasileira continua a crescer exponencialmente. Até quando, não sabemos. Isto está me parecendo uma bolha de sabão.
Ontem, a Fundação Getúlio Vargas apresentou o seu Indicador de Incerteza da economia (vide topo da página) referente ao mês de julho e foi verificada a queda do patamar de 119,1 pontos para 108,4 pontos. O Índice de Confiança do Consumidor, também caiu, ligeiramente, ao patamar de 104,3 pontos, a menor desde 2018. Já, o Índice de Confiança da Indústria caiu para 94,8 pontos, o menor nível desde 2018.
Para fazer melhor análise sobre a situação atual e o clima de expectativa sobre a economia do Brasil, é importante visualizar o comportamento do Indicador de Incerteza da economia, vide topo da página. O indicador atual se equipara ao de 2009, pós crise financeira mundial de 2008. Interessante verificar que apesar da pequena melhora na expectativa da economia, está longe de alcançar os melhores momentos da "expectativa" de 2013 e 2014. Curiosamente, o ano de 2014, foi a véspera do início da depressão econômica, inciada em 2015 e que vivenciamos até os dias de hoje.
Apesar da taxa Selic, a menor da série histórica do Plano Real, os Indicadores de Confiança dos setores produtivos ainda estão longe de alcançar os melhores índices já registrados pela Fundação Getúlio Vargas. No meu entender, os setores produtivos ainda esperam por outras reformas estruturantes, entre os quais a "reforma tributária". Podemos ainda dizer, sem medo de errar, que o ministro Paulo Guedes ainda está por merecer a confiança dos setores produtivos da economia.
Brasil "ainda" espera por dias melhores.
Ossami Sakamori
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