Nos próximos dias, 22 e 23 de abril, o presidente americano Joe Biden vai recepcionar, virtualmente, 40 chefes de Estado, entre eles o presidente Jair Bolsonaro, na chamada Cúpula de Líderes sobre o clima. O evento é visto como uma forma de presidente americano assumir o papel de "protagonista" político global em questões climáticas, agenda que ele colocou como prioritária da sua gestão, durante a campanha eleitoral de 2020. A pauta do Biden atende mais aos seus interesses eleitoreiros do partido democratas do que atender aos interesses internacionais.
O assunto é um tanto espinhoso para eu fazer comentário sobre o tema, em que não sou especialista, mas vou faze-lo, assim mesmo, como dever cívico. As notícias deixam transparecer que a intenção do presidente Biden é discutir o desmatamento da Amazônia, que atende apenas aos interesses dos Estados Unidos e da União Europeia e desvia do foco as suas próprias mazelas sobre o tratamento que dão ao efeito estufa. O governo brasileiro, infelizmente, parece ter "entrado" no jogo do presidente americano.
O responsável pela poluição da atmosfera não é causada tão somente pelas queimadas na Amazônia como querem fazer crer os países desenvolvidos. Falta aos Estados Unidos fazerem as suas próprias lições de casa, ao tentar impor suas teorias sobre a mudança climática do planeta. Tão somente em 2020, os Estados Unidos, após 134 de reinado do carvão, as energias renováveis se tornaram as mais consumidas pelos americanos. A conta leva em consideração todas modalidades de geração limpa, incluída hidroelétrica, eólica e solar. Nos Estados Unidos, o carvão, abundante na natureza, ocupa cerca de 90% para fins de geração de energia elétrica. Na última década, em grande parte dessa fonte de energia poluente foi substituída pelo de gás natural extraído do xisto.
Ao contrário dos Estados Unidos, a matriz energética no Brasil é mais renovável do que a média mundial. A principal fonte energética brasileira é baseada sobretudo em hidroeletricidade e mais recente com volume expressivo de energias provenientes de eólicas e solares. Vamos lembrar que as fontes não renováveis como a de carvão, são as maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE). Os gráficos abaixo mostram a diferença da matriz energética do Brasil em relação ao resto do mundo.
Se considerarmos apenas a geração de energia elétrica, o gráfico deixa mais evidente a participação da energia limpa no Brasil em relação ao restante do mundo. Brasil deveria ser exemplo para os países do primeiro mundo.
As queimadas na Amazônia servem apenas como "cortina de fumaça" para esconder as suas próprias mazelas, as dos Estados Unidos e da França, sobretudo. Brasil perdeu a altivez de definir as suas próprias políticas ambientais, submetendo-se a falsa tese de que a Amazônia é o pulmão do mundo. O Brasil se submete até ao comentário jocoso de uma "pirralha" ambientalista chamada de Greta Thunberg, sem no entanto desmerecer a sua capacidade intelectual.
O Brasil é considerado culpado dessa situação, em aceitar que os países do primeiro mundo assumam como que a Amazônia fosse deles. O primeiro mundo não tem mais florestas a preservar e quer apossar da nossa floresta Amazônica, que corresponde a cerca de 2/3 do território brasileiro, coberto de florestas nativas e preservadas. Por isso, os países do primeiro mundo querem considerar a Amazônia como sendo os "seus" pulmões, uma interferência indevida, já que as suas próprias florestas já foram devastadas há décadas.
O governo brasileiro tem grande parte da culpa dessa situação. O governo brasileiro quer que a Amazônia seja "custeada" pelo Biden ou pelo Macron. É um pensamento equivocado. Quem custeia, quer "mandar" no pedaço, com toda propriedade. O Brasil, como Nação, deveria destinar um determinado recurso para preservar a sua Amazônia. Preservar a Amazônia não é encargo dos países do primeiro mundo. Preservar a Amazônia é dever do Estado brasileiro. O Brasil deveria assumir a sua responsabilidade e destinar, por exemplo, 3% do Orçamento federal, para preservação do 2/3 do seu próprio território. Outra forma de financiamento, privado, seria a venda de "crédito de carbono", um instrumento moderno do mercado de capitais. Mas, o Brasil não faz o dever de casa. Só sabemos reclamar da interferência estrangeira na Amazônia, mas ao mesmo tempo reclama da falta de ajuda financeira para tal preservação.
Quando o próprio governo brasileiro quer empurrar o "custeio" da preservação da Amazônia para estrangeiros, não tem moral e nem propriedade para contrapor à agenda mundial, da "Amazônia é do mundo". É importante a participação ativa do presidente da República, Jair Bolsonaro, na reunião da Cúpula do mundo desenvolvido convocada pelo presidente Joe Baden dos Estados Unidos, para marcar a posição do Brasil, com altivez, sem se submeter à vontade e interesse dos países mais ricos do planeta.
Infelizmente, o Brasil e seus dirigentes sofrem do "síndrome do cachorro magro", achando sempre que somos errados e obedecem cegamente as regras impostas pelas maiores economias do mundo.
Ossami Sakamori
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