sábado, 27 de fevereiro de 2021

Brasil, "ser ou não ser", eis a questão!

 

Há 76 anos, nasci em Bastos, estado de São Paulo.  Meu pai, imigrante, foi colono de café.  Logo, percebeu que o Brasil era o país para ele fincar o pé.  Comprou um sítio no interior do Paraná.  Vim estudar em Curitiba, em 1961 e por aqui fiquei.  Fiz curso de engenharia civil na Escola de Engenharia da UFPR.  Fui convidado para ser professor naquela instituição de ensino superior.  Aventurei-me, o termo exato, na área de construção civil, em obras públicas e empreendimentos imobiliários.  Quase aposentado e estou a me aventurar em manter um blog, mesmo com dificuldade em língua portuguesa.  Inaugurei este blog há 9 anos, em 2012, para fazer oposição ao governo da Dilma.  Por que esse preâmbulo?  Para não ser confundido com opositor ao atual governo, que tem contorno de direita, um tanto radical para meu gosto.

   O governo do presidente Jair Bolsonaro vem cometendo alguns equívocos na política econômica, conduzida que está pelo ministro Paulo Guedes, da Economia.  Eu poderia ficar no meu canto, com 76 anos, sem me incomodar, mas estudioso que sou em macroeconomia, preciso fazer reparos, para que possamos retomar o crescimento econômico compatível com o país "em desenvolvimento".  O Brasil está a merecer crescimento vertiginoso, tipo 6% ao ano, para recuperar a perda real do PIB que ascende a 25%, comparado com o início da depressão econômica iniciada em 2015.  O País precisa sair do discurso fácil da economia liberal para enfrentar de frente a economia sob intervenção para recuperar a capacidade de desenvolvimento, vocação natural do Brasil.  

Quando assisto pela TV, as medidas anunciadas pelos presidentes da Câmara e do Senado Federal, com apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, fico muito triste em ver a pobreza do conteúdo.  As medidas anunciadas, como a repetição do "auxílio emergencial" do ano passado como sustentáculo para desenvolvimento do País neste ano, 2021, após a queda do PIB de 4% no ano anterior, 2020, no meu ponto de vista, são muito tímidas considerada atual situação.  

O Brasil tem cerca de 34 milhões de trabalhadores "desocupados", considerando todas situações previstas pelo IBGE.  O número de desempregados considerado pela estatística oficial, 14 milhões, utilizado pelo governo, está longe de retratar a realidade do mercado de trabalho.  O ministro da Economia, Paulo Guedes, equivocadamente, tem classificado os 20 milhões de trabalhadores desocupados "pessoas invisíveis".  É necessário que, para formulação da política econômica, leve em conta o total de trabalhadores desocupados, os 34 milhões, sob pena de invalidar qualquer tentativa de inclusão social e recuperação da economia do País.

Como dito acima, não será os gastos em "auxílio emergencial", com gastos previstos em R$ 40 bilhões, considerado 4 parcelas de R$ 250, que tirará o País do buraco.  Considerando que em 2020 foi gasto R$ 600 bilhões para estimular a economia, fora do Orçamento Fiscal de 2020, o valor "festejado" pelos congressistas e pelo presidente da República, p de "auxílio emergencial" é como uma gota d´água no oceano de problemas, acumulados que estão desde 2015, o início da depressão econômica.

  Solução para crescimento econômico aos níveis de 6% ao ano nos próximos anos, podemos afirmar que tem.  Não só tem, mas seria impensável que a equipe econômica comandada pelo Paulo Guedes não utilizem os instrumentos capazes de tirar o País do buraco que se meteu.  O próprio órgão do governo, o IPEA, tem demonstrado que os gastos em investimentos traduz criação de emprego e renda.  Uma das barreiras é a própria Emenda 95 de 2016, que impõe "camisa de força" que atravanca o desenvolvimento do País.  Se pode modificar os artigos da Constituição como das suas próprias imunidades, porque não, a flexibilização da Emenda 95?  Apenas para lembrar, a Emenda 95 foi foi sancionada para atender aos anseios do capital especulativo internacional, uma invenção do banqueiro Henrique Meirelles.

   Paulo Guedes, ministro da Economia, fica na posição da dúvida, o de "ser ou não ser", diante do sua anunciada opção pela economia liberal.  Eu penso que um ministro de Economia de país, em profunda depressão econômica, terá que ousar e sair do mesmice cartesiana.  O Brasil, na situação que se encontra, precisa de "ousadia" e "determinação" para sair do buraco que se meteu.

Ossami Sakamori