Está havendo um grande equívoco na condução da política econômica pelo ministro Paulo Guedes da Economia. As primeiras movimentações do ministro da Economia diante dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, demonstram claramente a diretriz da política econômica para este ano, 2021. O ministro da Economia fica atrelado aos Orçamentos Fiscais, com previsão de déficit primário de R$ 247,1 bilhões. Paulo Guedes promete seguir os preceitos da Emenda 95, que limita os gastos públicos atrelado ao de 2016, corrigido apenas pela inflação do período 2016/2020, conforme impõe a Emenda 95.
Ao optar seguir rigorosamente a emenda do teto dos gastos públicos, Emenda 95 de 2016, o ministro Paulo Guedes, atrela os gastos públicos, incluído gastos em investimentos, ao pior ano da depressão econômica, 2016, somente visto em 1929. A referência é pior possível. Sem um grande investimentos públicos, o Brasil não vai sair do buraco que se meteu em 2015/2016. Isto, os grandes investimentos públicos, é uma teoria clássica experimentado pelo Roosevelt para tirar os Estados Unidos da depressão econômica de 2019. Também, a teoria foi aplicada com bastante vigor pelo governo dos Estados Unidos para tirar a Europa da depressão após destruição da economia que sofreu na II Guerra Mundial.
Por outro lado, o próprio órgão mantido pelo governo federal, o IPEA, fez recentemente, um estudo de que o investimentos em obras públicas, para cada R$ 1 bilhão aplicado criaria 100 mil empregos. Os últimos dados do IBGE mostram que o Brasil tem cerca de 14 milhões de desempregados formais. O número mostra que o País precisa, urgentemente, criar cerca de 10 milhões de empregos novos, com carteira assinada, sob pena de continuar com problemas sociais explosivos. Fazendo conta rápida, o governo da União deveria fazer em investimentos em obras, um mínimo de R$ 100 bilhões. O número parece exorbitante, mas não é. O Orçamento Fiscal de 2021, já prevê "rombo fiscal" de R$ 247,1 bilhões. Quem deve R$ 247 bilhões, deve R$ 347 bilhões. Que diferença faz?
Não tem outra alternativa, para tirar o Brasil do "fundo do poço" que se meteu, desde 2015, senão, fazer investimentos públicos pesados, para criar 10 milhões de novos empregos, ainda este ano. A criação de novos empregos ameniza "pressão social" devido ao desemprego. É uma fórmula clássica, sem nenhuma novidade dentro da teoria macroeconômica, experimentada pelos países do primeiro mundo para sair das depressões econômicas. Enquanto o Brasil ficar subordinado à Emenda 95, do teto dos gastos públicos, de 2016, inventado e implementado pelo banqueiro Henrique Meirelles, o País vai ficar no "círculo vicioso", como que um cachorro querendo morder o próprio rabo. Pior, atrelado ao pior ano da depressão iniciada em 2015.
As minhas matérias sobre macroeconomia tem sido objeto de críticas pelos adeptos à uma teoria liberal clássica. Soluções apontados pelos liberais Henrique Meirelles e Paulo Guedes, não tem produzido efeito desejado, agravado pela pandemia Covid-19. Não tem solução fácil. Há que admitir uma solução heterodoxa, clássica, a de intervenção do Estado na economia, com investimentos em obras públicas. Não será por via de "auxílios emergenciais", que são medidas "tapa buraco", que o Brasil sairá do buraco que se meteu. Só mesmo medidas estruturantes que o País vai poder tirar do retrocesso real da economia em 27,4%, em termos reais.
Impressiona demais, ver um rebanho de pessoas, como se fosse de gado no caminho do corredor de frigorífico, sem nenhuma reação ou contestação pelos investidores institucionais. Estes últimos estão apenas preocupados em ganhar fortunas em investimentos especulativos no mercado financeiro. Para que fazer investimentos em setores produtivos se pode ganhar fácil em mercado de capitais. O ministro Paulo Guedes, entende bem disso. Ele é oriundo do mercado financeiro.
Brasil precisa, urgentemente, sair da armadilha do baixo crescimento.
Ossami Sakamori
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