domingo, 10 de abril de 2022

Inflação de dois dígitos veio para ficar, em 2022

 

Fonte da imagem: Globo

A inflação oficial, IPCA de março, registrou alta recorde para o mês, desde o ano da implantação do Plano Real, em março de 1994, no governo Itamar Franco.  A inflação acumulada dos últimos 12 meses, cravou 11,3% em março, ante 10,54% acumulados até fevereiro.  O resultado ficou muito acima do centro de meta do Banco Central para 2022, que é de 3,5%.  O alarme tocou no Ministério da Economia, bem como no Banco Central e assim o COPOM deve manter a meta do aumento da taxa básica de juros Selic na próxima reunião.
           A alta da inflação tem dois componentes principais:  a guerra Ucrânia x Rússia e a inflação dos Estados Unidos.  Com a guerra no leste europeu e com o bloqueio de SWIFT, o sistema de compensação de recursos entre os Bancos Centrais do mundo, além de privar os russos de acessos aos recursos para transações financeiras e comerciais com o mundo, está trazendo efeitos colaterais que são a alta do petróleo e derivados, além de privar a Rússia do comércio de seus commodities, como fertilizantes e trigo.  
            Com petróleo, antes negociado ao entorno de US$ 50 cada barril, do tipo Brent, petróleo leve, registrou o pico de US$ 130 cada barril e está estabilizando ao redor de US$ 100 o barril do tipo Brent e alta dos insumos agrícolas, aos patamares nunca dantes vistos.  O Brasil não poderia ser um "oásis" e passar ao largo do mercado mundial de petróleo e de commodities.  O País está importando a inflação do mundo, além de absorver os fatores conjunturais internos.   Não vejo melhora no preço do petróleo e dos commodities, mesmo após o término da guerra Ucrânia x Rússia, no curto prazo.   O efeito da guerra Ucrânia x Rússia deve perdurar durante o ano de 2022, infelizmente.
        No front interno, o Ministério da Economia, ao contrário do remédio para inflação que seria contenção de gastos, está anunciando a liberação de recursos do FGTS e empréstimos aos microempresários pela Caixa Econômica, além dos recurso do Auxílio Brasil para cerca de 19 milhões de beneficiários.  A liberação destes recursos vai manter a economia brasileira aquecida, na camada de baixa renda, mantendo a inflação.  Diante dos fatos, não vejo medidas do governo para o recuo de inflação nos próximos meses.   
         A inflação de dois dígitos veio para ficar, pelo menos em 2022, ano de eleições, em nível federal e estaduais.  Tudo que for dito, diferente, é conversa para boi dormir.  E melhor ficar esperto e acompanhar de perto a alta dos preços.
         
         Ossami Sakamori
 


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