Fonte da imagem: Globo
A inflação oficial, IPCA de março, registrou alta recorde para o mês, desde o ano da implantação do Plano Real, em março de 1994, no governo Itamar Franco. A inflação acumulada dos últimos 12 meses, cravou 11,3% em março, ante 10,54% acumulados até fevereiro. O resultado ficou muito acima do centro de meta do Banco Central para 2022, que é de 3,5%. O alarme tocou no Ministério da Economia, bem como no Banco Central e assim o COPOM deve manter a meta do aumento da taxa básica de juros Selic na próxima reunião.
A alta da inflação tem dois componentes principais: a guerra Ucrânia x Rússia e a inflação dos Estados Unidos. Com a guerra no leste europeu e com o bloqueio de SWIFT, o sistema de compensação de recursos entre os Bancos Centrais do mundo, além de privar os russos de acessos aos recursos para transações financeiras e comerciais com o mundo, está trazendo efeitos colaterais que são a alta do petróleo e derivados, além de privar a Rússia do comércio de seus commodities, como fertilizantes e trigo.
Com petróleo, antes negociado ao entorno de US$ 50 cada barril, do tipo Brent, petróleo leve, registrou o pico de US$ 130 cada barril e está estabilizando ao redor de US$ 100 o barril do tipo Brent e alta dos insumos agrícolas, aos patamares nunca dantes vistos. O Brasil não poderia ser um "oásis" e passar ao largo do mercado mundial de petróleo e de commodities. O País está importando a inflação do mundo, além de absorver os fatores conjunturais internos. Não vejo melhora no preço do petróleo e dos commodities, mesmo após o término da guerra Ucrânia x Rússia, no curto prazo. O efeito da guerra Ucrânia x Rússia deve perdurar durante o ano de 2022, infelizmente.
No front interno, o Ministério da Economia, ao contrário do remédio para inflação que seria contenção de gastos, está anunciando a liberação de recursos do FGTS e empréstimos aos microempresários pela Caixa Econômica, além dos recurso do Auxílio Brasil para cerca de 19 milhões de beneficiários. A liberação destes recursos vai manter a economia brasileira aquecida, na camada de baixa renda, mantendo a inflação. Diante dos fatos, não vejo medidas do governo para o recuo de inflação nos próximos meses.
A inflação de dois dígitos veio para ficar, pelo menos em 2022, ano de eleições, em nível federal e estaduais. Tudo que for dito, diferente, é conversa para boi dormir. E melhor ficar esperto e acompanhar de perto a alta dos preços.
Ossami Sakamori
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