O presidente do Banco Central do Brasil enlouqueceu. Campos Neto considera a desoneração do diesel como fator inflacionário. O que poderia, até, ser, num período de crescimento da economia robusto. Não é o caso do Brasil de hoje. No entendimento do Campos Neto, a desoneração parcial do diesel, cortando impostos federais que incide sobre o diesel e derivados, pode baratear o combustível e "provocar a inflação", o que, em tese, poderia estar correta. Baseado na hipótese "maluca" de expansão da base monetária devido à baixa do combustível, o presidente do Banco Central, sinaliza novos aumentos da taxa básica de juros para as próximas duas reuniões do COPOM. A curva histórica da evolução da taxa Selic ao longo dos últimos anos, nos mostra que a alta da taxa Selic apenas nos revela que estamos, espero, no pico da crise, debitado à pandemia Covid-19.
Repetidas vezes, comentei neste blog que o Banco Central tem 2 (dois) instrumentos principais para conter a inflação, não apenas a taxa básica de juros Selic. A taxa básica de juros Selic, um dos principais instrumento para conter a inflação é diminuir a disponibilidade de moeda em circulação, via "inibição" de consumo e de investimentos produtivos. Com retração, momentânea, da atividade econômica, baixa o consumo e por consequência, baixam os preços de produtos, inibindo a inflação. Como pode ver, a aceleração da taxa básica de juros é como faca de dois gumes. O aumento da taxa Selic, também, inibe os investimentos produtivos.
No momento em que a inflação está numa curva ascendente, o aumento da taxa Selic, só favorecem o sistema bancário e investidores especulativos. Sem a medida de enxugamento da disponibilidade da moeda em circulação, o aumento da taxa Selic serve apenas para realimentar a inflação. A medida, o aumento de taxa Selic, é como tentar apagar o fogo com a gasolina. O fogo terá que ser apagada com a ausência de oxigênio ou seja, diminuindo a disponibilidade de moeda em circulação. Banco Central tem este outro instrumento, o "depósito compulsório" do sistema bancário.
Campos Neto, egresso do sistema bancário, sabe que o Banco Central tem dois instrumentos eficazes para combater a inflação. Numa conjuntura como que vivemos, além da alta na taxa de juros básicos Selic, deveria aumentar o "depósito compulsório" das instituições financeiras, com o objetivo de diminuir a circulação da moeda, o real. Diminuindo a disponibilidade de moeda em circulação, o consumo "desaba", provocando retração de preços.
Combater a inflação utilizando apenas a taxa de juros do Tesouro Nacional é para países com moeda forte e estável, como Estados Unidos e países da União Europeia. O Brasil tem problemas estruturais que os países ricos não tem, como a desigualdade social. O País merece ser pensado como um país "em desenvolvimento" e parar de "se achar" que somos um país já desenvolvido. Nem fazemos parte da OCDE, uma organização composto por cerca de 30 países desenvolvidos, para nos situarmos, exatamente, onde o Brasil se encontra.
Se os altos dirigentes do País, notadamente, da área econômica, continuarem pisando no "tomate", não adianta promessas vãs de presidenciáveis, de esquerda à direita, de tornar o Brasil um país que seja o orgulho de todos nós.
Ossami Sakamori
Um comentário:
Ótimo comentário, Sakamori! Tomara que a equipe econômica do Brasil te ouça e tome por base as suas conjecturas.
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