quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O equívoco da política econômica

 

O presidente do Banco Central do Brasil enlouqueceu.  Campos Neto considera a desoneração do diesel como fator inflacionário. O que poderia, até, ser, num período de crescimento da economia robusto.  Não é o caso do Brasil de hoje. No entendimento do Campos Neto, a desoneração parcial do diesel, cortando impostos federais que incide sobre o diesel e derivados, pode baratear o combustível e "provocar a inflação", o que, em tese, poderia estar correta.  Baseado na hipótese "maluca" de expansão da base monetária devido à baixa do combustível, o presidente do Banco Central, sinaliza novos aumentos da taxa básica de juros para as próximas duas reuniões do COPOM.  A curva histórica da evolução da taxa Selic ao longo dos últimos anos, nos mostra que a alta da taxa Selic apenas nos revela que estamos, espero, no pico da crise, debitado à pandemia Covid-19.


          O presidente do Banco Central, Campos Neto, está equivocada no seu ponto de vista.  Passamos pela pior crise econômica dos últimos 100 anos, de 1984/1986, onde a alta da taxa Selic, apenas nos mostra o tamanho do "buraco" que o País se encontra.   Explico:  Na política monetária, a taxa básica de juros Selic é apenas o "termômetro" de uma crise  econômica.  Os executores da política econômica e monetária estão confundindo o "termômetro" com o "remédio".  Taxa Selic é apenas nos mostra a gravidade da crise econômica num determinado momento.   O Brasil se encontra no "olho" do furacão, neste momento.  

           Repetidas vezes, comentei neste blog que o Banco Central tem 2 (dois) instrumentos principais para conter a inflação, não apenas a taxa básica de juros Selic.  A taxa básica de juros Selic, um dos principais instrumento para conter a inflação é diminuir a disponibilidade de moeda em circulação, via "inibição" de consumo e de investimentos produtivos. Com retração, momentânea, da atividade econômica, baixa o consumo e por consequência, baixam os preços de produtos, inibindo a inflação.  Como pode ver, a aceleração da taxa básica de juros é como faca de dois gumes.  O aumento da taxa Selic, também, inibe os investimentos produtivos.

           No momento em que a inflação está numa curva ascendente, o aumento da taxa Selic, só favorecem o sistema bancário e investidores especulativos.   Sem a medida de enxugamento da disponibilidade da moeda em circulação, o aumento da taxa Selic serve apenas para realimentar a inflação.  A medida, o aumento de taxa Selic, é como tentar apagar o fogo com a gasolina.   O fogo terá que ser apagada com a ausência de oxigênio ou seja, diminuindo a disponibilidade de moeda em circulação.  Banco Central tem este outro instrumento, o "depósito compulsório" do sistema bancário.

           Campos Neto, egresso do sistema bancário, sabe que o Banco Central tem dois instrumentos eficazes para combater a inflação.  Numa conjuntura como que vivemos, além da alta na taxa de juros básicos Selic, deveria aumentar o "depósito compulsório" das instituições financeiras, com o objetivo de diminuir a circulação da moeda, o real.  Diminuindo a disponibilidade de moeda em circulação, o consumo "desaba", provocando retração de preços.  

          Combater a inflação utilizando apenas a taxa de juros do Tesouro Nacional é para países com moeda forte e estável, como Estados Unidos e países da União Europeia.   O Brasil tem problemas estruturais que os países ricos não tem, como a desigualdade social.  O País merece ser pensado como um país "em desenvolvimento" e parar de "se achar" que somos um país já desenvolvido.  Nem fazemos parte da OCDE, uma organização composto por cerca de 30 países desenvolvidos, para nos situarmos, exatamente, onde o Brasil se encontra.

          Se os altos dirigentes do País, notadamente, da área econômica, continuarem pisando no "tomate", não adianta promessas vãs de presidenciáveis, de esquerda à direita, de tornar o Brasil um país que seja o orgulho de todos nós.  

             Ossami Sakamori

Um comentário:

Ary disse...

Ótimo comentário, Sakamori! Tomara que a equipe econômica do Brasil te ouça e tome por base as suas conjecturas.