domingo, 27 de fevereiro de 2022

Superávit primário de 76,5 bilhões em janeiro

No meio de notícia ruim, enfim, uma notícia boa na área econômica, do governo federal.  No mês de janeiro deste ano, 2022, o governo da União ou a administração federal, registrou superávit primário de R$76,5 bilhões, maior saldo já registrado em um mês, na série histórica do governo, com início em 1997.  O número foi divulgado pelo Tesouro Nacional, no último dia 24/2. Comparado com o superávit de R$ 43,5 bilhões do mesmo mês de janeiro de 2021, o número foi acima da expectativa do mercado financeiro, que apontava o número ligeiramente acima de R$ 60 bilhões.

          O País vem apresentando déficit primário ou "rombo fiscal", desde 1984, em consequência da pior crise financeira que o Brasil experimentou nos últimos 100 anos, o que acabou culminando com o impeachment da presidente Dilma.   A sequência de déficit primário, fez com que o ministro da Fazenda do governo Temer, Henrique Meirelles, propusesse e o Congresso Nacional aprovou a Emenda 95, que veio cobrir o "furo" na Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, que já estabelecia que o governo da União "não poderia gastar mais do que arrecada".   A regra da responsabilidade fiscal já existia antes mesmo do governo do Lula e o governo do PT não soube cumpri-la.  

              O déficit primário, o contrário do superávit primário, é exatamente o dinheiro que falta para cobrir as despesas do governo federal, incluído a da previdência social.  No entanto, o superávit primário não inclui o pagamento de juros da dívida pública, leia-se, dívida do Tesouro Nacional.  O resultado da conta do governo da União, o superávit da conta, deveria ser o suficiente, também para cobrir o déficit nominal, que engloba pagamento de juros da dívida pública do governo federal.  Enquanto o superávit primário não cobrir pelo menos os juros da dívida pública, a situação das contas do governo, ainda, não  é motivo para comemoração.  Mas, é um bom começo, sem a menor dúvida.

            Seja como for, o resultado da conta do governo federal indica que a economia está no caminho de crescimento econômico, apesar da projeção do crescimento econômico indicar número pífio em 2021.  No sentido contrário ao da expansão da economia, o Banco Central está projetando elevar a taxa de juros Selic nas próximas reuniões, para tentar conter a inflação.   O Banco Central está num dilema: ou contém a inflação, mediante taxa básica de juros Selic em dois dígitos (acima de 10%) ou afrouxa um pouco a política monetária para permitir o crescimento econômico, que geraria o "superávit primário" como está a indicar no resultado do mês de janeiro.  

          Diante do exposto, continuo com a projeção para o ano de 2022, um crescimento econômico de 5% e inflação no final do ano terminando ao redor de 7%.   No entanto, não se sabe ainda as consequência da guerra Ucrânia/Rússia na economia global e em especial na economia brasileira.  

           Ossami Sakamori