sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Brasil continuará sendo quintal da terra do tio Sam?

 


A notícia mais comentada no mercado financeiro, ontem, foi a notícia do crescimento da economia americana em 2021, ao nível  de 5,7%, o índice mais alto desde 1984, quando o Ronaldo Reagan estava na Casa Branca. Reagan foi quem implementou a desregulamentação  da economia, baseado na teoria do economista Milton Friedman da Universidade de Chicago.  O crescimento espantoso dos Estados Unidos, em meio a pandemia Covid-19, mostra que independente das teorias macroeconômicas, o poder público é balizador do desenvolvimento ou subdesenvolvimento de qualquer país.

            O custo do acelerado crescimento na terra do "tio Sam" foi a inflação ao nível de consumidor, que nos Estados Unidos é medida pelo CPI (índice de preços ao consumidor), que no acumulado do ano de 2021, foi de 6,7%, a maior alta desde o acumulado de 12 meses, de junho de 1982.  Em tese, isto demonstra que a inflação é perfeitamente controlável mesmo em crescimento acelerado.  Os números contrasta com os do Brasil: IPCA, de dois dígitos (acima de 10%) para crescimento abaixo de 5%.  

            Vocês podem me questionar o por quê do meu comentário, sobre a economia americana.  Pois, afirmo que tem tudo a ver.  Os Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais do Brasil, tanto em importação como em exportação.  Os Estados Unidos são compradores de nossos produtos primários ou produtos industriais semiacabados.  O Brasil, por outro lado, é comprador de componentes para as nossas indústrias, além dos produtos prontos para o consumo.  A presença dos investidores americanos, diretos e indiretos no mercado de capitais do País, também, se faz notar.  

              A dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos, terra do "tio Sam", é como de um pai para com o filho.  Para início de conversa, a moeda referência no Brasil é o "dólar americano" e as nossas "Reservas cambiais", pouco acima de US$ 350 bilhões, são aplicados, também, em moeda americana, diga-se títulos do Tesouro americano, preferencialmente.  O mercado financeiro brasileiro move-se ao sabor da bolsa de Nova York e do Federal Reserve (FED).

             Como foi explicado no preâmbulo, o crescimento dos Estados Unidos foi espantoso, o maior dos últimos 50 anos. Enquanto o Brasil vai amargando um crescimento pífio, menos de 5% em em 2021 e a inflação rompendo dois dígitos (acima de 10%).  O crescimento dos Estados Unidos, está alicerçado em audacioso programa de investimentos do governo federal, num montante de US$ 1,9 trilhões, equivalente grosso modo a R$ 10 trilhões em nossa moeda.   Ainda assim, o Banco Central americano (Federal Reserve) reluta em aumentar a taxa de juros dos títulos do governo americano.  Enquanto o Banco Central do Brasil inclina em romper 10% ao ano, neste início do ano.

            Como comentei em matérias anteriores, o nosso mercado financeiro, o Poder Executivo e o Congresso Nacional, defendem fervorosamente a Emenda 95, a do teto dos gastos públicos.   A Emenda 95 é camisa de força ou de "forca" para limitar os investimentos públicos em níveis pífios.  Ao contrário, o governo americano, no enfrentamento da pandemia, está fazendo vultoso investimento, quase R$ 10 trilhões em nossa moeda, equivalente a mais de 5 vezes ao nosso Orçamento Público federal, em "obras públicas" e auxílio à população mais vulnerável. 

           A falta de competência dos gestores públicos, os nossos, é demonstrada com o resultado de índice de inflação de dois dígitos e crescimento econômico incompatível com a potencialidade e necessidade do País continental com 230 milhões de pessoas que nele vive.   Penso eu, que os candidatos à Presidência da República, em 2022, deveriam contemplar uma saída gloriosa para a nossa economia como que fez o Joe Biden, presidente americano.   Sem um plano econômico/social ousado, continuamos sendo o "quintal" da terra do "tio Sam".

             Ossami Sakamori