quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Deflação de setembro, comemorar o que?



O IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, a conhecida inflação oficial do País, recuou 0,04% em setembro, segundo divulgou o IBGE nessa quarta-feira, 9 de outubro.  O resultado é o menor para o mês de setembro, desde 1998, portanto há mais de 20 anos. Em meio a depressão econômica, a pior dos últimos 100 anos, não sei se comemoro ou fico triste.  De qualquer maneira é uma alerta para a equipe econômica que conduz a política econômica e monetária do País. 

O Brasil atravessa a pior situação em número de empregos formais.  Embora, o IBGE divulgue o número "mitigado" de desemprego ao redor 13 milhões de trabalhadores com carteira assinada, se somar ao número, os desalentados (aqueles que nem saem para procurar o emprego), os nem-nem e os subempregados (os trabalhadores informais), o número ultrapassa a 50 milhões de trabalhadores.  Por outro lado o número de trabalhadores com carteira assinada está em 33,4 milhões de trabalhadores, muito menor do que os trabalhadores "sem empregos".  

Na outra ponta, o número de pessoas "negativadas" no Serasa ou nos SPCs é de 63,4 milhões de pessoas.  Grosso modo, o número de pessoas "negativadas" corresponde a cerca de 40% da população adulta do País.  A população brasileira está tal qual o governo federal, que deve R$ 5,5 trilhões brutos ou R$ 4 trilhões líquidos para um PIB - Produto Interno Bruto de cerca de R$ 7 trilhões.  Para rolar a sua dívida, o Tesouro Nacional paga a taxa de juros Selic a 5,5%, apesar de inflação estar abaixo de 4%, número confirmado com a notícia de ontem.  

Dito isso, o índice de inflação, o IPCA, negativo, não é motivo para comemoração.  O índice negativo de inflação apenas confirma a estagnação da economia, que traduz pela alta taxa de número de desempregados, desalentados e subempregados.  Nos países desenvolvidos como EEUU, Alemanha e Japão, os Bancos Centrais remuneram a aplicação em títulos de Tesouro daqueles países, muito abaixo da inflação, como uma forma de alavancar o crescimento econômico.   O Brasil vai na contra mão, apesar da prolongada recessão, a pior dos últimos 100 anos, o Tesouro Nacional paga juros reais, cerca de 40% acima da inflação.  O País paga de juros da sua dívida pública, algo como R$ 300 bilhões, exatamente o dinheiro que falta para os investimentos públicos, tão necessários para alavancar o crescimento.   

Deflação em setembro é uma alerta para os formuladores da política econômica e monetária do País.  

Ossami Sakamori






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