quarta-feira, 7 de maio de 2014

Deutsche Bank rebaixa risco Brasil.


Eu mal falei da presidente Dilma ter chamado os europeus de "canibais" e ter feito crítica à política conservador e ortodoxa da Angela Merkel nos seus périplos pelo velho mundo, o Deutsche Bank, rebaixa a sua nota sobre os títulos brasileiros.  Lembrando que a Alemanha, com sua política econômica mais conservadora, vem saindo da crise financeira mundial que deu início em 2008, com a crise financeira imobiliária nos EEUU.  

Segundo Estadão de ontem, "O banco Deutsche Bank está recomendando os seus clientes a reduzirem sua exposição aos títulos da dívida soberana brasileira denominados em dólar citando como uma das principais razões a perspectiva de  reeleição de Dilma Rousseff e o "otimismo" demasiado dos mercados em relação a uma melhor anos fundamentos macroeconômicos do Brasil num eventual mandato da presidente."

A percepção sobre o quadro econômico do Brasil pelo Deutsche Bank, não diferencia dos bancos americanos. Estão todos rebaixando o grau de investimento positivo para grau de investimento negativo.  Vocês irão perguntar, o que isto tem a ver com a economia brasileira no curto prazo?

O fato noticiado tem pelo menos duas consequências práticas, de imediato.  A primeira consequência recai sobre o fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil. Como foi dito na matéria anterior sobre tema, o País não é mais o "queridinho" do mercado financeiro global.  Consequência é que o fluxo de investimento estrangeiro vai ficar no mínimo em posição de "stand by".  O resultado é que o baixo investimento estrangeiro direto (IED) vai dificultar o fechamento da balança de pagamentos do Brasil, neste ano.

A segunda consequência do rebaixamento da nota de classificação dos bancos americanos, agora dos europeus também, é que os referidos bancos vão "exigir" do Brasil, em especial, do Tesouro Nacional, taxa básica de juros com maior "spread" sobre a inflação oficial.  Isto é, em linguagem conhecida, os bancos vão "exigir" a taxa básica de juros, Selic, maior do que praticado hoje.  

Como podem observar, a taxa básica de juros, Selic, não é instrumento próprio da política econômica para segurar a inflação, num país como o Brasil.  Pode ser, nos EEUU, no Japão ou na Alemanha, mas não aqui no Brasil.  Isto é o que a Dilma dá a entender e o mercado financeiro brasileiro, seguido pelos analistas brasileiros de renome, admitem ser Selic o instrumento de política econômica para combate à inflação.

O fato é que, a taxa Selic é o termômetro do quadro econômico brasileiro.  Selic apenas reflete a realidade do momento.  Brasil, no governo FHC, chegou a pagar taxa Selic de 50% ao ano, na saída turbulenta de "banda cambial" do Gustavo Franco para "cambio flutuante" do Armínio Fraga.  Naquele momento, instalou-se a crise da "credibilidade" do Plano Real do FHC.  Com Armínio Fraga e depois com Henrique Meirelles, o Brasil retomou certa credibilidade no mercado financeiro mundial, trazendo a taxa Selic nos níveis de hoje.  Portanto, a taxa Selic é termômetro do quadro da economia e não remédio para inflação, no Brasil.

Duas coisas que saltam ao olho, com a decisão do Deutsche Bank.  O Banco Central do Brasil deverá subir taxa Selic na próxima reunião do COPOM.  O fluxo de investimento especulativo dos agiotas internacionais tomarão lugar dos investimentos estrangeiros diretos (IED).  São medidas que a médio e longo prazo, não contribuem para o crescimento do PIB, apenas aumento o tamanho da nossa dívida pública federal interna.  Vamos dever mais, sem crescer.




Quero ver os comentários dos economistas que orientam os candidatos à presidência da República pela oposição, respectivamente Aécio Neves, Eduardo Campos e Randolfo Rodrigues.  Eles não poderão fugir do centro do debate. Não cabe mais os "bordões" antigos como "prioridade em educação, saúde e segurança pública".  Isto tudo o povo está "careca" de saber. Os candidatos terão que responder a estes temas cruciais ao País. 

Ossami Sakamori
@SakaSakamori




Um comentário:

Cassiano Freitas disse...

Parabéns. Como você bem relatou, a situação da economia brasileira há tempo não é mais confortável. Tudo isso, no meu entender, tem a ver com a inércia do Governo que relegou a segundo plano as reformas que há muito tempo os economistas reclamam. E além disso, a política econômica do Governo, em vez de preocupar-se com cortes de gastos e melhor gestão da coisa pública, faz exatamente o contrário, aumenta os gastos e negligencia com com a correta aplicação do dinheiro público. Se alguém deseja conhecer o nosso blog, acesse: www.ideiasefatostucujus.blogspot.com.br