domingo, 10 de novembro de 2013

O meu tempo de esperança continua de pé!

O mundo de hoje é estranho para mim.
Talvez, eu é que seja o estranho no mundo de hoje... Não sei.

Tive que sair de casa aos 10 anos para poder estudar.
Hoje as pessoas de 10 anos saem de casa para se drogar...

Tive que trabalhar como office boy para ajudar meu pai no meu próprio sustento.
Hoje é proibido menino de 10 anos trabalhar ou aprender ofício. 

No grupo escolar e no ginásio, assim eram chamados o ensino fundamental de hoje, os professores eram muito respeitados.
Hoje, vejo notícias de professores apanhando dos alunos. Isto é certo?

Fiz vestibular, sem ter de fazer cursinho. 
Hoje, vestibular é uma verdadeira maratona. Isto é certo? O País não deveria prover vagas suficientes para os que desejam estudar?

A população pobre eram atendidos nas Santas Casas.
Hoje, a população morre nos corredores de hospitais públicos. Isto é certo?

Os mendigos, os mendigos eram tratados como vagabundos.
Hoje, os mendigos são tratados como classe privilegiada recebendo Bolsas Misérias.  Isto é certo?

Formei-me em engenharia na UFPR, trabalhando para meu próprio sustento.
Hoje, para estudar tem que ter pai rico ou fazer Prouni como se fosse favor do Estado.  Educação não deveria ser dever do Estado? Isto é certo? 

Fui professor da UFPR, por período curto, 2 anos. Percebi que com o salário que ganhava não dava para manter a família, dignamente.
Hoje, ainda hoje, o salário do professor é uma miséria. Isto é certo?

Pelo sistema RAIS verifiquei que passou pelas minhas empresas mais de 25 mil trabalhadores e todos continuam meus amigos. 
Hoje, é loucura ter número de funcionários expressivos.  Os encargos trabalhistas de 145% oneram empresas mas não beneficiam trabalhadores na mesma proporção. Isto é certo?

Contribui tanto com este País, mas não pude fazer fortuna.  Minha fortuna se resume em alguns ativos e diploma dos filhos.
Hoje, um estelionatário, monta castelos de papel e roubam R$ bilhões do nosso dinheiro e nada acontece.  Pelo contrário, continuam frequentando os Palácios dos governos. Isto é certo?

Nos velhos tempos, vinha candidatos à presidência, cada um com um plano para o País, mesmo que não fosse cumprir lá na frente.
Hoje, cada um quer mostrar as entranhas dos outros, sem mostrar ao País para que está vindo.  Tem todos os planos para eles, pessoas físicas, mas não tem plano nenhum para o País. Isto é certo?

Apesar da minha idade que já beira os 70 anos, estou muito lúcido.
A realidade está incompatível com a minha maneira de pensar.  Hoje, a competência conta pouco.  Hoje, a esperteza é o que conta. Hoje, a ganância predomina. Isto é certo?

Ainda assim, com todas incertezas do futuro do País, continuo firme na trincheira, acreditando na mudança que ainda por vir.
Hoje, a juventude da esperança foi embora.  Hoje, a esperança da juventude foi embora.  Quiçá um novo tempo virá.  Tenho certeza que virá!  

Tem dia, que choro sozinho, de não poder fazer nada para mudar a situação, mas...

O meu tempo de esperança continua de pé!

Ossami Sakamori

7 comentários:

Unknown disse...

Entendo e respeito o sentimento de esperança, Sakamori. Eu, ao contrário de você, sou filho de tempos apocalípticos, com ensino de baixa qualidade, violência, surgimento de seitas neopentecostais, desrespeito, egoísmo, empobrecimento da cultura em geral. Hoje, educação é privilégio para os que têm dinheiro, o mesmo vale para a saúde. Sou exceção, de uma certa forma, porque tenho família unida, estruturada, pude estudar, fazer faculdade e ter, alguma, segurança. Minha geração é uma coisa triste, sem esperanças.

Tive o alento de não ter vivido os tristes tempos da ditadura, entretanto, vivo num momento em que um novo conservadorismo surge, agora, nos braços da democracia, que desta vez, inclui, de certa forma, negros, mulheres, gay, pobres e alguns que se autoproclamam, falsamente, como progressistas. Eu, infelizmente, não posso ou não consigo ser otimista porque ainda não consegui entender, se é que é possível entender, a nossa atual realidade. Ainda estou meio perdido em que a decepção fala mais alto do que qualquer tentativa de esperança.

Pelo menos prefiro não ser cínico, tentando tirar algum proveito de uma realidade em que o arrivismo é a regra e o conhecimento só é válido como valor monetário. Se um novo tempo surgir, não estarei aqui para vê-lo. Bem, vamos ver no que vai dar... Abraços.

Magalhães disse...

Não pode dar certo. Com Ordem e Progresso, devemos construir uma forte resistência a isso tudo... http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com/2013/11/nao-pode-dar-certo.html …

Unknown disse...

Mestre Sakamori, simplesmente BRILHANTE! Total inversão de valores. E a hipocrisia de plantão, classifica este tempo como "pagina infeliz da história". Estou contigo: O meu tempo de esperança continua de pé".

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a sua constatação. O mundo atual está mudado e quem trabalha muito com a dignidade de ser honesto dificilmente se enriquece do próprio suor. Enquanto no outro extremo, pessoas se enriquecem ilicitamente sem qualquer constrangimento e restrição.
Assim como vc, tive q começar a trabalhar cedo. Filho de pai semianalfabeto, aos 14 anos de idade trabalhava como garçom no Restaurante Tamborindeguy, na Rodovia Presidente Dutra, para pagar um curso técnico de qualidade (Mecânica no Idesa de Taubaté). Cursei tecnologia de soldagem na Fatec, em São Paulo e jornalismo na Unitau, Taubaté, entre outros cursos. Tudo isso sem pedir um centavo ao meu pai, mas herdando dele a capacidade de ser honesto, o que é difícil nesse país corrompido.
Depois de ser metalúrgico, petroleiro, freelancer de alguns veículos, como a Folha de São Paulo, hj tenho minha empresa de consultoria em qualidade de soldagem e montagem eletromecânica! Sinto que irei trabalhar o resto da vida e jamais ficarei rico. E hj ainda passo por um dilema familiar como disse no Twitter, o tratamento de minha esposa que descobriu um câncer no estomago. Mesmo tendo um bom (pelo menos achava isso) plano de saúde –Bradesco-, tenho que custear grande parte das despesas do referenciado e caríssimo hospital AC Camargo de SP. Graças a Deus, ainda temos recursos!
Um abraço, amigo, e quando tiver em Curitiba, faço questão de conhecê-lo pessoalmente.

Luiz Antonio de Melo

Unknown disse...

Voce, assim como o Luiz A.de Melo, são pessoas impares nesse grande universo brasileiro com tantas injustiças. Todos nos ainda temos um certo desejo de que o Brasil se levante, mas para tal, muitos sacrifícios há de ser praticados tambem por nos, o povo. Estamos tão acomodados com tudo de ruim nos últimos anos que nao sabemos como agir, e a consequência e demonstrar nosso amargo caminho as críticas que nao nos levarão a caminho algum, assim eu vejo. Ate piadas fazem em torno de alguns políticos que a meu ver, nem isso mereciam. Estou vendo um povo apático, anestesiado, em coma. Eu so peco a Deus que na sua misericórdia nos proteja destes seres maléficos que estão no Poder, pois a oração tem poder. Que Deus nos ajude!

daniel disse...

"Tive o alento de não ter vivido os tristes tempos da ditadura" Essa frase me entristeceu pois sou daquela época e os valores morais eram do jeito que Sakamori escreveu. Comecei, naquela época, o ensino fundamental, depois o médio e finalmente o superior. Apesar de muitos não gostarem daquele tempo, eu digo que quem sofreu foi porque defendia(às vezes sem querer) um regime diferente do Democrático. Eu duvido que naqueles tempos ficariam baderneiros quebrando tudo pelas ruas onde passam como acontece agora sem serem punidos. Contudo, respeito sua opinião pois vivemos em um País "ainda" Democrático.

sakamori10@gmail.com disse...

Prezados Alessandro e Daniel,

Eu vivi os tempos do regime militar. Fiz faculdade de engenharia de 1964 a 1968, os anos de chumbo da ditadura militar.

Confesso que, os militares tomaram o poder, ignorando a Constituição da República por muito menos do que Daniel fez referência.

Ainda, assim, abomino regime de exceção, quer seja dos militares ou dos militantes de qualquer partido político.

Deveremos defender a democracia a todo custo. Só quem viveu nos tempos do regime, pode testemunhar os males do regime de exceção. É por estes motivos que luto contra o golpe branco que o PT quer impor ao País.

Abração!