sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Infraestrutura. Vamos apostar no Brasil, sem Dilma, vamos?

Infraestrutura é minha praia. Daria para escrever matéria com 100 laudas, mesmo assim não estaria completa.  Vou tentar resumir em uma página, o que se torna um trabalho incompleto, mas o suficiente para o entendimento de maior parte da população.  Os técnicos que me perdoem pela falta de detalhes.  

Basicamente há 3 modais de transportes, sobretudo para cargas, a hidrovia, a rodovia e a ferrovia.  Em proporção menor a aerovia.  O modal hidrovia é o mais barato em termo de custo operacional e a mais caro é modal rodovia.  Até por este motivo, a ferrovia é o modal deveria ser prioridade nos investimentos do governo tendo em vista ser mais econômico e viável sobretudo para o Brasil que tem extensão territorial continental. 

Brasil começou certo, implantando o modal ferrovia pelo Dom Pedro II, o segundo modal mais barato em termo de custo de frete.  A primeira ferrovia foi inaugurada em 30/4/1854, portanto há 150 anos, num trecho de 14 Km pelo Dom Pedro II.  Hoje, o País possui cerca de 30 mil Km de linhas férreas implantadas.  Alguns trechos desativados e outros estão em operação na forma de concessão à iniciativa privada.  Isto é um número ridículo se compararmos com 226 mil Km de ferrovia nos EEUU, todos na mão de iniciativa privada e em plena operação.

Há uma série de entraves para o desenvolvimento do modal ferroviário.  Um dos problemas é o custo de implantação que, em tese, seria maior do que o custo de implantação do modal rodoviário.  Tem alguns problemas de ordem técnica, também, a serem vencidos, tais como a uniformização de bitolas (espaço entre trilhos).  As primeiras ferrovias foram implantadas no sistema métrico (inglês), mas o Brasil já estabeleceu em adotar o sistema de bitola larga (1,60 m) para ferrovia de carga. No entanto, há miscelânea de bitolas no Brasil.  Só como curiosidade, o restante da América do Sul, adota bitola Standard (1,435 m).

A companhia Vale é operadora da ferrovia Carajás (PA) - Itaqui (MA), em sistema bitola larga.  Se não fosse o modal ferrovia para transporte de minérios, os preços não seriam competitivos no mercado internacional.  Outra ferrovia com bitola larga, é a ferrovia Norte-Sul, iniciado no governo Sarney, portando há mais de 20 anos, e até hoje não concluída.  O governo Dilma prometeu, em discurso, construir 10 mil Km, nos próximos anos, mas até hoje, nenhuma licitação foi feita.  Pelo jeito, por muito tempo, vamos utilizar os trens de carga trafegando a 30 Km/h, pelas linhas de bitola estreita, do tempo do império.  

Quanto ao modal hidroviário, não vou estender na análise.  As hidrovias, em funcionamento, são basicamente as hidrovias da bacia do rio Amazonas e seus afluentes e a hidrovia do rio Tietê.  O rio São Francisco que poderia servir de importante modal de escoamento para as cargas, tem 2 óbices.  O primeiro é que há barragens do Sobradinho e de Paulo Afonso que inviabiliza escoar a carga até o porto.  O segundo problema é que o rio São Francisco está totalmente assoreado, não permitindo circulação de embarcações de carga.

O Brasil possui extensa costa que poderia fazer funcionar o serviço de cabotagem, diminuindo o custo de transporte de cargas.  Mas, o serviço de cabotagem está inviabilizado pela legislação sobre a matéria, além de portos não atenderem à necessidade mínima da demanda.  Nem o escoamento de produtos e commodities que são transportados até o porto para exportação consegue dar vazão.

Bem o modal aeroviário, serve apenas para transporte de passageiro, que bem ou mal vem suprindo à demanda.  Com concessões de alguns aeroportos importantes para a iniciativa privada, vão atendendo a necessidade imediata do País.  Quanto ao transporte de carga, só há 3 aeroportos com estrutura de atendimento para o setor, o aeroporto de Campinas (Viracopos), de Manaus e Petrolina (PE).  Demais aeroportos do Brasil, só conseguem atender os cargueiros em meia carga, por falta de extensão de pista e ou infraestrutura para recepção de cargas.  

Enquanto o modal ferrovia, viável de ser implantado no Brasil, as rodovias atendem além do tráfego de veículos de passageiros, os veículos de cargas, entupindo as rodovias.  O modal rodoviário, além de ser muito mais caro, fazendo parte do "custo Brasil", ocasionam dezenas de milhares de mortes por acidentes de trânsito.  Mesmo assim, a malha rodoviária é mal cuidada e em sua maioria em pista simples. Sobre este modal de transporte, nem há necessidade de alongar muito na minha análise, a própria população sente na carne, o estado lastimável que se encontra as rodovias brasileiras. 

Resumindo.  Em matéria de infraestrutura no Brasil, a falta de planejamento de longo prazo, a falta de vontade política em resolver a situação, postergam sempre os investimentos para os próximos governos e aprofunda cada vez mais o fosso entre a oferta de serviço e necessidade de escoamento dos produtos, para oo mercado interno e para exportações.  

O governo PT que prometeu a mudança, está no governo há 11 anos e nenhum planejamento de longo prazo apresentou.  Resume-se em alguns projetos do PAC, como tentando costurar uma colcha de retalhos, com buracos para todo e quanto é lugar.   Definitivamente, a continuidade do atual governo é continuidade dos problemas já mencionados.  Que os novos postulantes à presidência da República que mostrem o que se pretende fazer em matéria de infraestrutura. Já não é suficiente prometer planos mais planos, apenas para agradar os eleitores.  Que seja o mínimo, mas que apresente o plano para infraestrutura, que possa ser o início da recuperação do tempo perdido há décadas.

Vamos apostar a favor do Brasil, sem Dilma, vamos!

Ossami Sakamori


6 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem, caro Sakamori. A infraestrutura é algo que me fascina muito também. Parabéns, a sua matéria é muito oportuna, mas entre os países em desenvolvimento, mesmo que a geografia do Brasil seja favorável, a nossa infraestrutura nesse campo é uma das piores. Outro agravante é que a infraestrutura construída no passado não previa a ampliação e desenvolvimento futuro, é como se estivessem construíndo a última obra.

Die Lesung aus ubrals disse...

Sempre que leio de ti ou na Exame sobre infra, me dá um desespero

Vale tudo? disse...

Querido mestre, cada dia aprendo...ah, e com que atraso! Apostemos num governo que cuide de nosso País, já em frangalhos por conta destes desgovernos que visam o próprio lucro!

Levy Ramos Andrade disse...

É gostoso de ler viu Saka. A muitos e muitos governos abandonaram a Infraestrutura q o Brasil merecia ter. Uma viagem de Trem é algo inesquecível meu querido. Não temos é porcaria nenhuma de infraestrutura e ponto. Uma vergonha...

daniel disse...

Moro na capital de mato grosso do sul e quando existia a ferrovia para passageiros da RFFSA, as cidades pequenas onde haviam estações de trens eram bem povoadas. Depois que encerraram as atividades da ferrovia, algumas dessas cidades morreram. Uma pena pois eram ótimas as viagens de trem desde Corumbá-MS, divisa com Bolívia até Bauru(São Paulo).
Implantaram o trem do pantanal (trecho pequeno, para turistas) mas não é a mesma coisa. O trem de carga está ativado mas é uma lástima. Depois que privatizaram a ferrovia (década de 90) não houve mais preocupação com investimento. Só pensam no lucro fácil.

Levy Ramos Andrade disse...

É Daniel vc tem razão. O mundo anda de trem , nós de Caminhão, Busão enfim imagino na época a maravilhosa viagem que se podia fazer por aí. Acabaram com td meu caro. Abraço.