quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Brasil da Dilma é a bola da vez!

Ontem, fechou o mês de julho.  O dólar vem atraindo atenção não só dos investidores que aplicam suas sobras de caixa em especulação, mas sobretudo dos investidores estrangeiros.  Vejam as notícias que colhi no tradicional jornal Estadão e na sequência os meus comentários.

A moeda americana acumula alta de 11,39%.  Somente em julho, o dólar avançou 2,11% - foi o terceiro mês consecutivo de elevação.  A valorização do dólar tem ocorrido principalmente pela incerteza do mercado sobre em qual momento o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vai reduzir os estímulos da economia. Fonte: Estadão.

Comentário.

Entramos no mês de agosto, mês de cachorro louco.  Coincidentemente, a economia brasileira está na sinuca do bico.  O governo Dilma conseguiu ultrapassar o mês de julho, tentando se equilibrar com medidas pontuais, favorecido no índice inflacionário com a queda de tarifa de transportes coletivos em relação ao mês de junho.  Por outro lado houve divulgação de números preocupantes sobre o fechamento do primeiro semestre.

Embora, em tese, sou favor do realinhamento da cotação do dólar, o momento tardio e a velocidade de aumento causam preocupações extras sobre a influência da cotação do dólar para os próximos meses na economia brasileira como todo.  

O próprio Banco Central já mostra preocupação com a depreciação acelerada do dólar.  Por conta disso, o BC vem fazendo intervenções sistemáticas no mercado, vendendo dólar no futuro, na forma de Swap Cambial.  Ontem foi o fechamento do mês de julho, com Ptax valendo para o balancete do mês.  O dólar fechou numa posição estável em relação ao dia anterior, no patamar de R$ 2,28, rompendo durante o dia a cotação de R$ 2,30.  Cotação que está próxima da minha projeção para o dólar previsto para dezembro deste ano.

Os motivos não faltam para que o dólar continue na trajetória ascendente.  O Brasil até o ano passado era considerado "bola da vez" para os investimentos estrangeiros, tanto na forma de investimentos diretos ou na forma de investimentos especulativos.  Sobretudo, após as notas de risco do Brasil pelas agências de classificação de riscos, no mês de maio, para viés negativo, o País tornou-se centro de atenções do mercado financeiro internacional.

Os investidores estrangeiros, com as notas de classificação rebaixadas, já tinha certo temor sobre a real situação do País, tornou-se alvo de preocupação após as manifestações das ruas ocorridos no mês de junho.  Com recentes atuações dos movimentos como Black Blocs e Occupy, o cenário que já estava mais para observação, agora, se tornou cenário crítico.  Os investidores estrangeiros estão colocando a situação dos investimentos no Brasil de prioridade para stand by.

Para que o Brasil possa fechar a Balança de Pagamentos, que é somatória de todos os dólares que entram e que saem, seria necessário que os investidores estrangeiros trouxessem no ano de 2013, nada menos que US$ 85 bilhões.  Menos que isto, o Brasil teria que queimar a Reserva Cambial.  Acontece que a Reserva Cambial tão propalada líquida é de pouco mais do que US$ 65 bilhões, segundo minha conta.  Então, a situação do Brasil é vulnerável. 

O Banco Central tem ainda alguns instrumentos na manga para se socorrer numa tentativa de conter a escalada ascendente do dólar.  Medidas extremas que já foram utilizadas no passado, como lançamento de Títulos Cambiais ou Títulos do Tesouro atrelados à variação da cotação do dólar.  Isto tem um efeito positivo, mas os efeitos negativos são maiores ainda.  Na prática, seria a dolarização da economia, informalmente.  

O Banco Central, diante da necessidade de capitação do dólar, certamente vai adotar a fórmula clássica de aumento da taxa Selic para atrair capital especulativo para aplicação de títulos do Tesouro Nacional.  Resolve, um pouco, mas nem tanto, porque atrairia somente capital especulativo volátil.  Os investidores estrangeiros diretos (IED) continuaria na posição de stand by. Por este motivo, já fiz projeção de taxa Selic no final do ano em 9,5%.  

Resumindo, o Brasil da Dilma virou a bola da vez, negativamente! 

Ossami Sakamori
(69 anos, desde ontem).

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Saka pelo niver!!!

Sempre leio seus escritos! Parabéns, também, pelo brilhante raciocínio sempre muito lúcido e esclarecedor.

Forte abraço

Mauro

Anônimo disse...

Parabéns Sakamoeri,felicidades e muito obrigada por tudo o que você escreve!Marina n costa!