terça-feira, 5 de junho de 2012

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, REFLEXÃO

Lembrou-me um amigo da rede social twitter que hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente.  Embora eu não seja ambientalista e nem tão pouco ruralista, resolvi fazer reflexão sobre o assunto meio ambiente.  Vamos ver se me saio bem como neoambientalista.

Ao lado do acontecimento do evento Rio+20, que é vitrine para a presidente Dilma que quer se apresentar como a mãe do meio ambiente do planeta, rouba a cena a bela modelo brasileira Gisele Bündchen como embaixadora da boa vontade da ONU sobre meio ambiente.  
A presença de Gisele Bündchen causou tumulto na manhã desta segunda-feira (4) na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio, onde ela fez sua estreia em eventos paralelos à Rio+20. A modelo foi conhecer as instalações do Green Nation, festival que acontece até 7 de junho, na companhia do prefeito Eduardo Paes, da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e do diretor executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner. Havia muitos estudantes no local. A organização precisou improvisar um cordão de isolamento com funcionários.Fonte: Folha.

"Os recursos naturais são finitos e é importante saber que a gente precisa preservar, a gente precisa se educar para a gente fazer um futuro melhor para todos nós, para conseguir viver neste planeta maravilhoso", afirmou a modelo, que é embaixadora da boa vontade do Pnuma. Fonte: Folha.

As notícias sobre a modelo foi apenas gancho para enveredar por um caminho sobre meio ambiente, na condição de simples cidadão brasileiro.  Acho curioso vendo as mesmas autoridades que defendem a preservação das florestas brasileiras não tomarem medidas efetivas sobre as agressões ao meio ambiente, que estão à vista em todos os cantos do Brasil.

Ontem mesmo, choveu muito aqui em Curitiba, transbordou vários rios deixando muitos prejuízos aos moradores da periferia.  Dizem que as áreas de pavimentação aumentou em muito e então a superfície do solo ficou insuficiente para absorver as águas de chuva.  Um problema crônico que agrava cada vez mais, enquanto o asfaltamento das ruas são cada vez mais ampliadas.  Cadê os ambientalistas nestas horas?

Falando em chuvas. Em todos verões, as chuvas provocam deslizamento de encostas dos morros nas grandes cidades, incluindo as da cidade sede do Rio+20. Todo santo verão, a mesma reclamação, a de que o poder público não investe e nem se preocupa com ocupações ilegais nas áreas antes verdes, das encostas dos morros. Único exemplo que me lembro foi do Dom Pedro II, que transformou os cafezais dos morros da Tijuca em Parque Nacional da Tijucas.  As autoridades insistem em desconhecer o mínimo de geologia para evitar os deslizamentos. Cadê os ambientalistas nestas horas?

Ontem, o prefeito Eduardo Paes do Rio, desativou lixões na baía de Guanabara onde milhares de toneladas de lixos domésticos foram acumulando ao longo dos anos, produzindo toneladas e toneladas de chorume no subsolo do antes manguezais da baía de Guanabara.  Nem os ambientalistas não sabem dizer se o efeito destes chorumes vão prejudicar o meio ambiente por mais 20 ou 30 anos.  Cadê os ambientalistas nestas horas?   

Antes de ontem, saiu a notícia de que o rio Pinheiros na cidade mais rica do Brasil, estavam assoreados por falta de continuidade das obras de dezassoreamento.  Imaginem que o rio Tietê, da minha querida Sampa, cortando a cidade de sul ao norte, antes era rio de prática esportiva.  Pois, hoje, não saberia dizer se aquilo é rio ou esgoto a céu aberto. A mim me parece mais a segunda opção.  Cadê os ambientalistas nestas horas?

Pois, enquanto o governo fica multando os micros e pequenos agricultores, cerca de 5 milhões de famílias, imponto reserva legal de matas, as cidades avançam não respeitando nem o mínimo de regras do meio ambiente, em ocupações ignorados dos morros e margens dos rios.  As mesmas regras impostas para os agricultores não deveriam valer para os empreendedores imobiliários urbanos?  Cadê os ambientalistas nestas horas?


Tem um risco potencial muito alto que vem do mar, a exploração do petróleo do pré-sal.  O acidente do vazamento do petróleo da Chevron é uma pequena amostra do que poderá acontecer no futuro.  No açodamento da exploração do petróleo vindo de uma profundidade de 7.000 metros o governo federal faz qualquer negócio, inclusive em negligenciar o risco de segurança.  Só para lembrar o acidente do BP no México, foi confirmado que o erro foi humano.  Será que estaremos imunes do risco semelhante daquele do golfo do México? Se houver, poderá ser incontrolável devido a profundidade e com certeza com danos ambientais incalculáveis.  Cadê os ambientalistas nestas horas?  


Resumindo, os ambientalistas entendem tudo sobre as florestas mas não entendem picolina sobre o meio ambiente urbano.  Enxergam o umbigo dos outros mas não os próprios.


Ossami Sakamori, 67, engenheiro civil, foi prof.da UFPR.
Twitter: @sakamori10
                                                         

Um comentário:

Wilka Seto-Gehlen disse...

Ossami! Novamente você foi ao cerne da questão! Imagine você, que moro em Joinville, cidade constantemente "atacada" pelas águas do Rio Cachoeira, por conta do lixo + maré + descaso dos políticos. Pois, veja bem, desde a colonização sabia-se da cheia do rio e até hoje nada se fez. Isso reflete-se grandemente e desgraçadamente no nosso país todo. Enquanto colocam a carinha (e o corpão) bonito da Gisele para falar meia dúzia de inovidades de um português sofrível (muitos anos nos EUA, deve ser isso) desviam a atenção do brasileiro que ama ser engando, vamos combinar!
Mais uma desprezível deficiência deste governo que me faz ter vergonha de ser brasileira.
Beijos e até amanhã!